São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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Grupo de extermínio teria elo com bicheiros, afirma polícia

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar e o DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, investigam a possibilidade de que PMs que fazem parte de um suposto grupo de extermínio na zona norte de São Paulo e ameaçam oficiais de morte também prestem serviços para o jogo do bicho na região.
No mês passado, três policiais militares foram presos por suspeita de envolvimento na morte do coronel José Hermínio Rodrigues, 48, comandante da PM na área norte da capital. Ele, que apurava a participação de PMs em homicídios e chacinas naquela região, foi assassinado com seis tiros quando, em férias, passeava de bicicleta.
De acordo com um dos membros da investigação sobre a morte do coronel Rodrigues, PMs fazem "bicos" de segurança pessoal a um grupo criminoso que controla o jogo do bicho na zona norte. Quem vive dessa atividade comete uma contravenção penal: estabelecer ou explorar jogo de azar.
Ainda segundo esse policial que investiga quem matou o coronel Rodrigues, os PMs trabalhariam para o grupo do Boneco, tido como chefe do jogo do bicho no local. Esse grupo explora a atividade principalmente no bairro da Casa Verde, onde possui, pelo menos, três "bancas de apostas" identificadas pela investigação.
A relação dos PMs com o jogo do bicho funcionaria assim: policiais fariam vistas grossas ao jogo ilegal, além de prestarem segurança aos chefes do negócio e às "bancas". Em troca, os PMs exigiriam propina para não acabar com o jogo.
O acordo também incluiria a possibilidade de "solicitar", mediante pagamento, que PMs matem seus desafetos. Integrantes de um grupo rival que controlava o jogo do bicho na zona norte foram mortos em 2007. Rodrigues investigava a participação de PMs nesses homicídios e em chacinas, tendo sido morto por subordinados.
Policiais Militares do 5º, 9º, 18º e 43º Batalhão estão sob suspeita. Cartuchos de projéteis disparados por uma mesma pistola 380 mm foram encontrados em uma chacina na zona norte, ocorrida em junho, e na cena do crime contra o coronel Rodrigues.
Uma denúncia anônima levou a Corregedoria da PM a investigar um ex-PM como sendo o atirador que matou Rodrigues, em 16 de janeiro.
A corregedoria foi procurada para comentar o assunto, mas informou que isso seria feito por meio da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo, o que não ocorreu até o fechamento desta edição.


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