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PM não apura oficialmente morte de coronel
Inquérito Policial Militar sobre o caso ainda não foi instaurado, contrariando procedimento habitual da Corregedoria
Segundo corregedor da PM, até o momento o IPM não foi instaurado por não haver "indícios da participação
de PMs" no assassinato
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Corregedoria da Polícia
Militar de São Paulo ainda não
instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar como
aconteceu, em 16 de janeiro, o
assassinato do coronel José Ermínio Rodrigues, 48. A falta do
inquérito contraria a prática
habitual em relação a crimes
que tenham o envolvimento de
policiais militares -seja como
vítimas ou como suspeitos.
Por conta da inexistência do
IPM, a promotora da Justiça
Militar Eliana Passarelli determinou, anteontem, que o órgão
corregedor da corporação passe a seguir o procedimento padrão também no crime contra o
coronel, então comandante da
PM na zona norte de São Paulo.
O IPM é a formalização prevista no regimento da PM para
tornar legal investigações sobre
crimes que envolvam PMs. Hoje, apenas o DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil, tem um inquérito oficial sobre o crime contra Rodrigues. Uma investigação não inviabiliza a outra.
Mesmo sem o documento,
dezenas de policiais do serviço
reservado da Corregedoria
saem às ruas, todos os dias, para tentar identificar quem matou o oficial. Sem o IPM, numa
eventual identificação dos autores do crime, a investigação
poderá se tornar nula por não
haver documento da Corregedoria da PM para sustentá-la.
O corregedor da corporação,
coronel José Paulo Menegucci,
disse ontem à noite à Folha
que, "até o momento, o IPM
não foi instaurado porque ainda não existem indícios da participação de PMs no crime".
Menegucci, no entanto, admite que o soldado Pascoal dos
Santos Lima, 30, e os sargentos
Ricardo da Rocha Benetti, 37, e
Helber Antônio de Freitas, 36,
são investigados pelo assassinato. "Não sei quando o IPM
será instaurado", diz o coronel.
O três foram presos nove
dias após o assassinato de Rodrigues. Na casa de Lima, a Polícia Civil encontrou uma moto
do mesmo modelo da que foi
usada pelos dois assassinos que
mataram o coronel em uma
avenida da zona norte.
Rodrigues foi baleado seis
vezes. Um dos assassinos calçava coturnos pretos, iguais aos
do uniforme da PM paulista.
Segundo o DHPP, o trio foi
preso porque teria matado a
mãe de um suposto traficante.
A mulher pode ter sido morta
pelos PMs na Vila Brasilândia
por ter ameaçado denunciar os
três à Corregedoria.
"Se eles [os PMs] são investigados também pela morte do
coronel Rodrigues, isso tem de
ser formalizado pela Polícia
Militar, pela Corregedoria, pelo Inquérito Policial Militar,
que é o padrão. Não sei porque
isso não aconteceu até agora",
disse a promotora.
A investigação da polícia
aponta que o coronel foi morto
porque combatia a ação de
PMs corruptos e violentos na
zona norte. Procurado na noite
de ontem, o major Carlos Albertin, porta-voz do comando-geral da PM, não foi encontrado para explicar a ausência de
IPM sobre o caso.
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