São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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PM não apura oficialmente morte de coronel

Inquérito Policial Militar sobre o caso ainda não foi instaurado, contrariando procedimento habitual da Corregedoria

Segundo corregedor da PM, até o momento o IPM não foi instaurado por não haver "indícios da participação de PMs" no assassinato

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo ainda não instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar como aconteceu, em 16 de janeiro, o assassinato do coronel José Ermínio Rodrigues, 48. A falta do inquérito contraria a prática habitual em relação a crimes que tenham o envolvimento de policiais militares -seja como vítimas ou como suspeitos.
Por conta da inexistência do IPM, a promotora da Justiça Militar Eliana Passarelli determinou, anteontem, que o órgão corregedor da corporação passe a seguir o procedimento padrão também no crime contra o coronel, então comandante da PM na zona norte de São Paulo.
O IPM é a formalização prevista no regimento da PM para tornar legal investigações sobre crimes que envolvam PMs. Hoje, apenas o DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil, tem um inquérito oficial sobre o crime contra Rodrigues. Uma investigação não inviabiliza a outra.
Mesmo sem o documento, dezenas de policiais do serviço reservado da Corregedoria saem às ruas, todos os dias, para tentar identificar quem matou o oficial. Sem o IPM, numa eventual identificação dos autores do crime, a investigação poderá se tornar nula por não haver documento da Corregedoria da PM para sustentá-la.
O corregedor da corporação, coronel José Paulo Menegucci, disse ontem à noite à Folha que, "até o momento, o IPM não foi instaurado porque ainda não existem indícios da participação de PMs no crime".
Menegucci, no entanto, admite que o soldado Pascoal dos Santos Lima, 30, e os sargentos Ricardo da Rocha Benetti, 37, e Helber Antônio de Freitas, 36, são investigados pelo assassinato. "Não sei quando o IPM será instaurado", diz o coronel.
O três foram presos nove dias após o assassinato de Rodrigues. Na casa de Lima, a Polícia Civil encontrou uma moto do mesmo modelo da que foi usada pelos dois assassinos que mataram o coronel em uma avenida da zona norte.
Rodrigues foi baleado seis vezes. Um dos assassinos calçava coturnos pretos, iguais aos do uniforme da PM paulista.
Segundo o DHPP, o trio foi preso porque teria matado a mãe de um suposto traficante. A mulher pode ter sido morta pelos PMs na Vila Brasilândia por ter ameaçado denunciar os três à Corregedoria.
"Se eles [os PMs] são investigados também pela morte do coronel Rodrigues, isso tem de ser formalizado pela Polícia Militar, pela Corregedoria, pelo Inquérito Policial Militar, que é o padrão. Não sei porque isso não aconteceu até agora", disse a promotora.
A investigação da polícia aponta que o coronel foi morto porque combatia a ação de PMs corruptos e violentos na zona norte. Procurado na noite de ontem, o major Carlos Albertin, porta-voz do comando-geral da PM, não foi encontrado para explicar a ausência de IPM sobre o caso.


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