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Itamaraty considera caso constrangedor
Ministro Celso Amorim, que havia afirmado existir indícios de xenofobia contra a brasileira, manteve o silêncio ontem
Informalmente, diplomatas comentam que evidências são mais favoráveis à
versão do perito do que
à da advogada brasileira
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Celso Amorim
(Relações Exteriores), que na
quinta-feira pedira investigações rápidas, admitindo sinais
de xenofobia no suposto ataque
a advogada brasileira Paula Oliveira, ontem decidiu calar. Sua
assessoria limitou-se a dizer
que o Brasil aguarda o "desenrolar das investigações", não
descartando nenhuma hipótese -nem mesmo a de que a brasileira teria mentido.
Todo o episódio é considerado extremamente constrangedor, porque Amorim foi duro
contra o que seria xenofobia na
Suíça. Ontem, porém, multiplicavam-se as dúvidas sobre a veracidade da história e especulações de bastidores sobre os motivos que teriam levado Paula a
ir tão longe, caso se confirme
suspeita de automutilação.
Informalmente, diplomatas
comentavam que as evidências
são mais favoráveis à versão do
perito e da polícia de Zurique
do que à da advogada brasileira,
porque os ferimentos são muito superficiais, muito lineares e
com uma sutileza feminina em
quem estaria sendo atacada e se
debatendo. Não combina com a
hipótese de ataque rápido e
cruel de skinheads verdadeiros.
Chamou atenção, ainda, a
alegação de que os ferimentos
contrariam o padrão dos feitos
por homens em mulheres: não
atingiram nem os seios nem a
região genital, apenas a barriga
e as pernas. Além disso, a advogada brasileira não tinha outros ferimentos visíveis.
Mas o fator decisivo para o
freio do Itamaraty foi o resultado dos exames comprovando
que a história da dupla gravidez
era inventada. A partir daí, o
Brasil perdeu o discurso e começou a lamentar os efeitos futuros, quando for preciso engrossar novamente a voz em
casos característicos de xenofobia porventura verdadeiros.
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