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Traficante se recusa a identificar policiais
O colombiano Ramón Manuel Yepes Penagos acha que não ganhará nada ao revelar os policiais que lhe extorquiram dinheiro
Polícia Federal queria fazer acordo com Yepes por achar que ele conhecia esquema financeiro de Juan Carlos Abadía, o que ele nega
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O traficante colombiano Ramón Manuel Yepes Penagos
contou a seus advogados que
decidiu não formalizar a acusação contra os policiais do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos)
que o teriam extorquido em
US$ 300 mil (R$ 680 mil) para
não prendê-lo em São Paulo.
Ele avaliou que não vale a pena identificar os policiais porque não ganharia nada com isso. Só espera ser extraditado
para os EUA, tarefa que cabe ao
Supremo Tribunal Federal.
O colombiano foi preso em
maio do ano passado como se
fosse mineiro. Só na semana
passada a polícia descobriu que
era colombiano. Ele é procurado pelas polícias dos EUA, da
Colômbia, da Espanha e da Alemanha sob acusação de tráfico
de drogas e formação de quadrilha, entre outros crimes.
Ele contou à Polícia Federal
na última quarta-feira que antes de ser preso sofreu uma série de extorsões de dinheiro de
policiais do Denarc. Disse que
um grupo de policiais do Deic
(divisão de combate ao crime
organizado) também pediu R$
2,5 milhões para não prendê-lo.
Como ele não tinha mais recursos, acabou preso, segundo ele.
O colombiano é acusado de
três crimes no Brasil: teria traficado 80 comprimidos de ecstasy numa ocasião, seis em outra e usava identidade falsa.
Ele afirmou que nunca traficou ecstasy e que os dois flagrantes foram forjados pelos
policiais do Denarc. A Secretaria da Segurança Pública de São
Paulo não quis comentar as
acusações do traficante pelo fato de serem informais, sem nenhum valor jurídico.
O colombiano também comunicou aos advogados que
não vai fazer nenhum acordo
de delação premiada com a Polícia Federal -que acreditava
que ele conhecia o esquema
que abastecia com dinheiro o
megatraficante colombiano
Juan Carlos Ramírez Abadía.
Yepes afirmou que é exagerada a versão de que controlava o
dinheiro de Abadía e que conhecia os caminhos que o megatraficante usou para esconder 70 milhões em São Paulo.
Diz ser um mero segurança,
função que conquistou depois
que Abadía matou seu antigo
chefe, Victor Patiño Fomeque.
Ele disse que chegou a ser o
responsável por levar 12 toneladas de droga para a Espanha,
mas ganhava como um segurança: US$ 10 mil pela operação toda e mais US$ 50 por quilo de cocaína -US$ 600 mil pelas 12 toneladas.
Abadía, preso na Grande São
Paulo em agosto de 2007 e
extraditado para os EUA um
ano depois, chegou a oferecer
US$ 35 milhões ao juiz Fausto
Martin de Sanctis, em um acordo de delação, para que sua
mulher fosse excluída do processo. O juiz recusou a proposta porque Abadía se negou a revelar o esquema que usava para
trazer dinheiro da Colômbia.
Yepes disse à PF que nunca
soube exatamente onde estava
escondido o dinheiro de Abadía
em São Paulo. Disse que ouviu
na Colômbia a versão de que
Abadía retirou os 70 milhões
por meio de homens enviados
daquele país.
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