São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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Família nega acusação contra delegado preso

Polícia Federal diz que delegado do Rio Carlos Antonio Luiz de Oliveira desviou armas

HUDSON CORRÊA
DO RIO

A família do delegado da Polícia Civil do Rio Carlos Antonio Luiz de Oliveira diz que ele atuava na linha de frente contra o narcotráfico, sem desviar armas para traficantes ou ter ligação com milícias -ao contrário do que aponta investigação da PF.
O delegado foi preso na sexta na Operação Guilhotina. De abril de 2009 a outubro passado, Oliveira, 45, ocupou o cargo de subchefe Operacional na cúpula da Polícia Civil. A Folha conversou com três parentes de Oliveira, que pediram para não ter seus nomes publicados.
Segundo a PF, Oliveira se apropriou e desviou uma submetralhadora Uzi, cinco fuzis e 18 pistolas, durante operações de 2005 a 2008.
A Uzi teria ficado para uso pessoal dele. A família do delegado diz que isso não faz sentido, pois, como chefe de delegacia, Oliveira poderia ter legalmente à disposição armas mais modernas.
A prisão de Oliveira seria, diz a família, para "desestabilizar" o trabalho que ele fez contra milícias e traficantes. Detalhes disso, porém, devem ser apresentados por advogados apenas após obterem cópia do inquérito.
Para parentes, ele saiu do cargo porque sua atuação nas operações deixava "apagadas" "estrelas" da polícia; também surgiu "animosidade" com o chefe da Polícia Civil, AllanTurnowski.

VAZAMENTOS
Segundo o delegado federal Allan Dias, responsável pela operação, policiais civis e militares atuavam em quatro organizações criminosas.
Apreendiam armas em favelas e, depois, as vendiam a traficantes rivais. Em outra frente, cobravam R$ 100 mil para informar criminosos sobre operações policiais.
Também estavam envolvidos com milícia na zona norte e protegiam casas de jogos.
Ontem, a PF apresentou parte das armas apreendidas -carabinas, fuzis, pistolas, um revólver, rádios de comunicação e cerca de 5.000 balas, a maior parte apreendida em delegacia na Penha. Foram apreendidos ainda R$ 60 mil e 700 euros.
A PF deve oferecer o benefício da delação premiada a ao menos dois presos.
No total, foram 45 mandados de prisão expedidos pela Justiça. Até ontem, 38 pessoas estavam presas. A investigação continua e pode haver mais prisões. Segundo a PF, alguns acusados movimentaram até R$ 50 mil por dia nas contas bancárias.
Ontem à noite, Turnowski ordenou operação da Core (Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais) na sede da Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais). O acervo foi lacrado, pois deve haver uma devassa hoje no local.


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