São Paulo, segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

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MARIA APARECIDA MACHADO PAPATERRA LIMONGI (1916-2011)

Irmã Evangelina ou tia Biloca

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Para realizar os planos que tinha, a freira Maria Aparecida Machado Papaterra Limongi precisou tirar carteira de motorista. Durante os testes, houve até torcida por ela.
Com o documento em mãos, irmã Evangelina, como era chamada na Congregação de Nossa Senhora, comprou uma Kombi bege.
Vestida de hábito branco ou cinza, ela foi fazer com o carro trabalhos sociais no litoral norte de SP. De praia em praia, visitava comunidades caiçaras e indígenas para ajudá-las. Levava os jovens para fazerem cursos profissionalizantes em Santos.
Apelidada de Biloca entre os familiares, ela havia se formado na segunda turma da Escola Paulista de Serviço Social. Começou a trabalhar na Juventude Feminina Católica e deu aulas de religião.
Aos 27, optou pela vida religiosa, o que o pai aceitou bem, mas a mãe não. Desfez-se das peças do guarda-roupas e, antes de ir para o convento, tirou as moedas do bolso e as deixou na rua.
Fez cursos na França e na Bélgica. Ao voltar, dirigiu os colégios Des Oiseaux, em SP, e Stella Maris, em Santos.
Em Cubatão, fez trabalhos sociais e ajudou na criação de uma igreja na Vila Parisi, então conhecida como "Vale da Morte". Devido às precárias condições de vida do local, a vila foi extinta em 1992.
Nos últimos anos, morava com a irmã Conceição, também assistente social, que não a deixava sair de casa se não fosse de táxi. Mas ela dava um jeito de pegar ônibus.
Era organizada e enxergava tudo com otimismo. Muito ligada aos sobrinhos, dizia: "Nasci para ser tia". Na quarta, morreu aos 94 anos.

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