São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Entidades reclamam de falta de planejamento e de pressões para contratação de pessoal não-avaliado

Parceiros se queixam de falta de diretriz

DA REPORTAGEM LOCAL

A parceria de três anos entre a prefeitura e entidades sem fins lucrativos para implantação do PSF (Programa Saúde da Família) em São Paulo começa a dar sinais de turbulência. Segundo Acyr Fernandes Filho, 42, coordenador-geral de Saúde da Família da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) -uma das parceiras que lideram o grupo de 12 conveniadas-, três problemas ameaçam o programa.
1. Tentativas, por parte da prefeitura e das coordenadorias de saúde, de forçar a contratação de profissionais sem nenhum processo de avaliação ou com desempenhos ruins nas provas.
2. Falta de estrutura para os profissionais trabalharem.
3. Ausência de um sistema de informações para o planejamento e avaliação do programa.
"O que nos preocupa é que falta uma diretriz clara em relação ao modelo de atenção básica a ser seguido", completa.
O PSF foi implantado em 2001, primeiro ano da administração Marta Suplicy (PT), como saída para reorganizar o sistema.
Modelo de atenção à saúde inspirado no sistema canadense, o PSF utiliza equipes com médico, enfermeira, até dois auxiliares de enfermagem e até seis agentes comunitários para cuidar de grupos de mil famílias, no máximo (leia texto nesta página).
A idéia da prefeitura era chegar a mil equipes na cidade. Está com 676 completas. No meio do ano passado, decidiu parar a expansão e não deixou claro até hoje qual é o projeto para a rede básica.
De acordo com Fernandes Filho, também é necessária a criação de um fluxo organizado dos pacientes do PSF para hospitais, quando necessário. "Não adianta fazer assim de forma estilhaçada."
A instituição, afirma, já recebeu pressões de uma coordenadoria de saúde e telefonemas da própria secretaria municipal para contratar uma pessoa que nem tinha atingido a nota mínima na prova de admissão. Mas nega ter feito a contratação. "Não tenho nada contra a indicação, mas gostaríamos que, quando encaminhadas, fossem utilizados critérios."
"Temos discutido muito os valores repassados", diz Antônio Carlos Forte, superintendente da Santa Casa, outra entidade parceira. Recentemente a entidade teve de dar 15% de aumento para os médicos contratados, mas não aumentaram os repasses, diz.
Segundo José Alberto Salinas, coordenador do PSF na Santa Casa, sem informações sobre a produção dos médicos não é possível avaliar o desempenho.



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