São Paulo, domingo, 14 de março de 2004

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Modelo a ser adotado provocou divergências dentro do PT

DA REPORTAGEM LOCAL

A discussão sobre qual modelo seria adotado na assistência básica do município vem da campanha eleitoral da prefeita Marta Suplicy (PT), em 2000. Lá, dentro do partido, houve polarização entre um reforço e aperfeiçoamento do modelo tradicional de UBS (Unidade Básica de Saúde) e o PSF (Programa Saúde da Família). No final, o que saiu foi uma proposta de junção das idéias.
O PSF é um programa em que há equipes com médico, enfermeira e agentes comunitários vinculados a uma UBS.
Os agentes visitam as casas dos pacientes, levantam os problemas e discutem encaminhamentos com os profissionais -se necessário, encaminham para uma consulta no posto. O médico vai à casa do morador se ele tiver dificuldade para se locomover.
Em uma UBS tradicional, não há equipe nem busca dos problemas via agente de saúde, mas profissionais das clínicas básicas -pediatria, ginecologia, clínica geral- e marcação espontânea de consultas pelo paciente.

PSF radical
Apesar da proposta que saiu da campanha, no começo da gestão Marta, quando o secretário era Eduardo Jorge -do grupo que defende o "PSF radical"-, foi prometida uma implantação pesada da iniciativa, de mil equipes até este ano. Depois que Jorge saiu, denunciando pressões de vereadores por ingerências na Saúde, a expansão foi estancada -o número de equipes é hoje de pouco mais de 600, mesmo assim o maior programa do país.
Depois disso, no entanto, a prefeitura não deixou claro qual seria a política a seguir na área.
A outra "ala" do partido, que defende a UBS tradicional, vê o PSF como um programa neoliberal, simplificador e que não permite o acesso universal à saúde.
Essa tendência diz que o programa, estrategicamente, ao investigar as condições de vida das pessoas, suaviza a responsabilidade do Estado sobre a saúde e foca no comportamento individual.
Para Virginia Junqueira, pesquisadora do Instituto de Saúde que se posicionou contra o PSF, a discussão, no entanto, está superada. Para ela, os resultados mostram que o programa não é adequado a São Paulo. "O debate, agora, deve ser sobre como integrar UBSs e hospitais."



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