São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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Ladrão de avião já ameaçara matar a família

Segundo parentes, Kleber Barbosa da Silva sofria de depressão e falou em suicídio algumas vezes; mãe soube da morte da filha ontem

Pai e filha foram enterrados ontem; família afirma desconhecer se mulher sabia que Kleber era acusado de estuprar menina de 13 anos


Cristina Cabral/"O Popular"
Kleber Barbosa da Silva com a filha Penélope e a mulher Érica

JOHANNA NUBLAT
ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA

A menina Penélope Barbosa Correia, de cinco anos, e seu pai, Kleber Barbosa da Silva, 31, que morreram na queda de um avião monomotor anteontem, foram enterrados em diferentes cemitérios e por diferentes famílias. Kleber, que roubou e pilotou o avião que caiu na noite de quinta-feira em Goiânia, foi velado pelo pai, por irmãos, pela madrasta e por amigos.
A menina, em um cemitério municipal bem simples do outro lado da cidade. Presente estava só a família da mãe, Érica Correia Santos, que ficou somente 15 minutos no velório e saiu amparada. A tia da menina desmaiou e foi carregada.
As duas famílias disseram que os dois eram apaixonados. Afirmaram, porém, que o marido ameaçou suicídio em algumas ocasiões e disse até que mataria a família.
"Ela [Érica] falava que ele sofria de depressão. De um momento para o outro, falava que ia se matar e matar a Érica e a Penélope", afirmou o primo da mulher, Jonathan Mota.
Segundo a família de Érica, os três voltavam de Caldas Novas (GO), anteontem, quando Silva chamou a mulher para ir a Anápolis. No caminho, diz a família, ele teria parado o carro e chamado a mulher para fora, quando, então, teria acertado a cabeça dela com um extintor de incêndio e partido com a filha.
Parentes de Érica, porém, dizem desconhecer o motivo da briga nem se a mulher já sabia que Kleber era acusado de estuprar uma menina de 13 anos. Já a família de Kleber disse que só soube anteontem, dia do acidente, que ele sabia pilotar. Ele, porém, não tinha autorização da Aeronáutica para isso.
Restos de combustível foram encontrados nos destroços do monomotor, o que contraria a hipótese de que o avião caiu por estar com o tanque vazio. Segundo o delegado Manoel Borges, não há dúvidas de que ele cometeu suicídio, tentando atingir o shopping propositalmente. Foi pedido um exame toxicológico no corpo de Kleber para saber se ele estava sob efeito de álcool ou de drogas.
Érica soube da morte da filha ontem pela manhã, minutos antes do velório. Ela deixou o hospital com a cabeça e o braço enfaixados e o rosto bastante inchado. Foi direto ao velório da filha. Ao chegar próxima ao pequeno caixão, perguntou: "Ela morreu na hora?".
De tarde, enquanto velava o filho, Miguel Barbosa disse que Kleber "era a pessoa mais boa do mundo". "Era e é, continua para mim sendo", disse o pai.
Miguel Barbosa Filho, meio irmão de Kleber, se disse chocado. "Realmente estamos sem entender até agora. O Kleber que conhecemos não seria capaz de uma atitude dessas. Era um pouco fechado, mas era meigo, gentil." O irmão disse que Kleber trabalhava como ajudante de pedreiro e que tinha discussões normais com a mulher.
Opinião bem diferente tinha a família de Érica. Questionados sobre uma possível motivação, todos diziam que a única explicação era a loucura.


Colaborou a AGÊNCIA FOLHA.


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