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EMILIA MATHIAS SERAFIM (1928-2009)
Serviu café aos pobres e doces ao papa
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Todo santo dia, de manhã,
Emilia Serafim ajudava a patroa a abrir mais de cem pães
quentinhos para lambuzá-los
com manteiga. Rente ao muro
que protegia a casa, na al. Santos, centro de SP, formava-se
uma fila de moradores de rua.
Desde os anos 80, Maria Cecília Vicente de Azevedo e sua
fiel escudeira Emilia distribuíam o alimento com café
com leite aos pobres. "Minha
tia achava que todos tinham
direto de comer de manhã",
conta Francisco, sobrinho de
Maria Cecília.
Católicas, ambas levavam
uma vida reclusa. Nenhuma
teve filhos. Aos 14, Emília começou a trabalhar como copeira na casa dos patrões, descendentes do barão de Bocaina -a família também tem relações de parentesco com frei
Galvão. E sua mãe fora babá
na mesma casa.
Foi lá que ela aprendeu as
receitas da família -seus doces ficaram famosos. Por
volta de 2005, doente, teve
de amputar parte de uma
perna. Os médicos nunca
conseguiram explicar sua
recuperação; para ela, foram as graças do frei.
Em 2007, durante a visita de Bento 16 ao país, seus
dons foram solicitados. O
papa, de quem ela não gostava tanto, ganhou seu afeto depois de abocanhar
seus doces e de lhe presentear com um terço.
Corintiana e dona de um
"sorriso bonito", ocupou o
quarto principal da casa,
desativada em 2008, mesmo quando a patroa era viva. Ainda funcionária da família, contava com a renda
do aluguel de um prédio
que ganhou de presente ao
fazer 50 anos.
A patroa morreu em
2007, e Emilia, na segunda,
aos 80, em consequência de
problemas renais. O café
não é mais distribuído.
obituario@grupofolha.com.br
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