São Paulo, sábado, 14 de março de 2009

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Passeata na Casa Branca apoiará pai do menino

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Horas após o encontro de hoje entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Barack Obama em Washington, três ônibus fretados, ao menos um deputado federal, norte-americanos de todo o país e simpatizantes do Canadá e até da Itália deverão ocupar as calçadas em frente à Casa Branca. É quando será organizada uma passeata em apoio a David Goldman, o pai do garoto de oito anos alvo de disputa entre Brasil e EUA.
Especula-se que o tema será abordado no encontro dos presidentes -o caso foi tratado nesta semana nas mais altas esferas do governo dos EUA e ontem foi capa do jornal "Washington Post". Além de um protesto contra o governo brasileiro, no ato será lançada uma fundação com o nome do menino, para defender pais em disputas internacionais regidas pela Convenção de Haia.
A convenção versa sobre o rapto internacional de crianças -ótica adotada por Goldman, mas rejeitada pela família brasileira do garoto. Pelo texto, a disputa de guarda deve ser travada no país de origem da criança (no caso, os EUA).
A manifestação será das 14h às 17h (15h às 18h, em Brasília) e foi organizada por amigos de Goldman. A intenção inicial era recepcionar Lula em sua chegada à Casa Branca, mas o horário do encontro presidencial foi antecipado em algumas horas. Goldman, que está no Brasil, não participará.
"Nosso objetivo é conseguir o retorno do menino. Vamos mostrar que os amigos de David nos EUA não desistirão da luta", disse o organizador da marcha, Mark de Angelis.
A disputa de guarda data de 2004. Segundo Goldman, 42, neste ano sua então mulher, a brasileira Bruna Bianchi, levou o garoto de férias para o Rio de Janeiro e não voltou mais a Nova Jersey, onde a família morava. Ela se divorciou, casou-se novamente e morreu no ano passado, no parto de uma filha. O padrasto do menino, o advogado João Paulo Lins e Silva, conseguiu sua custódia temporária -o caso está hoje na Justiça Federal brasileira.

Esfera diplomática
Ontem, o número um da Chancelaria dos EUA para a América Latina, Thomas Shannon, opinou. "Já deixamos claro que, do nosso ponto de vista, a situação recai sob a Convenção de Haia, e [o menino] deve ser devolvido a seu pai", disse. "O governo brasileiro concorda. É um tema de grande importância para nós, e o presidente Obama está ciente."
Ele lembrou que a secretária de Estado, Hillary Clinton, já discutiu o tópico com o chanceler brasileiro, Celso Amorim, mas não confirmou se Obama tocará no assunto com Lula.
O republicano Chris Smith, deputado federal por Nova Jersey, é aguardado no ato. Ele foi o autor de uma resolução aprovada nesta semana na Câmara dos EUA exortando as autoridades brasileiras a devolverem o menino ao pai.
Outros pais de crianças envolvidas em disputas com o Brasil também deverão discursar na marcha -segundo o Departamento de Estado, há cerca de 50 casos do tipo hoje.
A organização aguarda algumas centenas de participantes na passeata. Dois ônibus fretados deveriam sair de Nova Jersey e um de Nova York para levar 125 pessoas a Washington.
No site de relacionamentos Facebook, apoiadores de Goldman tentavam organizar um ato paralelo no mesmo horário em Los Angeles, em frente ao consulado brasileiro, mas a adesão era baixa até ontem.


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