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Passeata na Casa Branca apoiará pai do menino
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Horas após o encontro de hoje entre os presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva e Barack
Obama em Washington, três
ônibus fretados, ao menos um
deputado federal, norte-americanos de todo o país e simpatizantes do Canadá e até da Itália
deverão ocupar as calçadas em
frente à Casa Branca. É quando
será organizada uma passeata
em apoio a David Goldman, o
pai do garoto de oito anos alvo
de disputa entre Brasil e EUA.
Especula-se que o tema será
abordado no encontro dos presidentes -o caso foi tratado
nesta semana nas mais altas esferas do governo dos EUA e ontem foi capa do jornal "Washington Post". Além de um protesto contra o governo brasileiro, no ato será lançada uma
fundação com o nome do menino, para defender pais em disputas internacionais regidas
pela Convenção de Haia.
A convenção versa sobre o
rapto internacional de crianças
-ótica adotada por Goldman,
mas rejeitada pela família brasileira do garoto. Pelo texto, a
disputa de guarda deve ser travada no país de origem da
criança (no caso, os EUA).
A manifestação será das 14h
às 17h (15h às 18h, em Brasília)
e foi organizada por amigos de
Goldman. A intenção inicial era
recepcionar Lula em sua chegada à Casa Branca, mas o horário
do encontro presidencial foi
antecipado em algumas horas.
Goldman, que está no Brasil,
não participará.
"Nosso objetivo é conseguir o
retorno do menino. Vamos
mostrar que os amigos de David nos EUA não desistirão da
luta", disse o organizador da
marcha, Mark de Angelis.
A disputa de guarda data de
2004. Segundo Goldman, 42,
neste ano sua então mulher, a
brasileira Bruna Bianchi, levou
o garoto de férias para o Rio de
Janeiro e não voltou mais a Nova Jersey, onde a família morava. Ela se divorciou, casou-se
novamente e morreu no ano
passado, no parto de uma filha.
O padrasto do menino, o advogado João Paulo Lins e Silva,
conseguiu sua custódia temporária -o caso está hoje na Justiça Federal brasileira.
Esfera diplomática
Ontem, o número um da
Chancelaria dos EUA para a
América Latina, Thomas Shannon, opinou. "Já deixamos claro que, do nosso ponto de vista,
a situação recai sob a Convenção de Haia, e [o menino] deve
ser devolvido a seu pai", disse.
"O governo brasileiro concorda. É um tema de grande importância para nós, e o presidente Obama está ciente."
Ele lembrou que a secretária
de Estado, Hillary Clinton, já
discutiu o tópico com o chanceler brasileiro, Celso Amorim,
mas não confirmou se Obama
tocará no assunto com Lula.
O republicano Chris Smith,
deputado federal por Nova Jersey, é aguardado no ato. Ele foi
o autor de uma resolução aprovada nesta semana na Câmara
dos EUA exortando as autoridades brasileiras a devolverem
o menino ao pai.
Outros pais de crianças envolvidas em disputas com o
Brasil também deverão discursar na marcha -segundo o Departamento de Estado, há cerca
de 50 casos do tipo hoje.
A organização aguarda algumas centenas de participantes
na passeata. Dois ônibus fretados deveriam sair de Nova Jersey e um de Nova York para levar 125 pessoas a Washington.
No site de relacionamentos
Facebook, apoiadores de Goldman tentavam organizar um
ato paralelo no mesmo horário
em Los Angeles, em frente ao
consulado brasileiro, mas a
adesão era baixa até ontem.
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