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Rodoanel não vai aplacar tráfego lento, aponta estudo
Obra reduzirá por algum tempo trânsito em marginal, mas efeito na Grande SP será pequeno
Aumento da frota de carros vai diluir o alívio causado pelo Rodoanel, diz estudo encomendado por agência ligada ao governo do Estado
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A inauguração do trecho sul
do Rodoanel, prevista para o
dia 27, vai reduzir temporariamente o trânsito na marginal
Pinheiros e na avenida dos
Bandeirantes, mas terá efeito
insignificante nos congestionamentos da Grande São Paulo.
A melhora no trânsito será
pequena mesmo quando forem
concluídos os trechos leste
-em fase de licenciamento ambiental- e norte, ainda em projeto, diz estudo encomendado
pela Artesp (agência dos transportes do Estado de São Paulo).
As projeções foram feitas
através de fórmulas matemáticas que consideram os meios de
transporte usados na Grande
SP, como as pessoas se deslocam e o crescimento da população e da renda média.
Os dados mostram uma cidade mais rica, com empregos
ainda concentrados em algumas regiões -o que obriga o
morador a se locomover mais-
e uma alta de até 4,9% nas viagens de carro em regiões com o
trânsito já saturado, como na
zona sul de São Paulo (veja quadro nesta página).
O mapa por região mostra
que o aumento no fluxo de carros mais alto se dará em quase
toda a cidade de São Paulo, com
exceção de regiões nas proximidades da Penha. Os maiores
índices de crescimento se darão exatamente das regiões
mais ricas, como Moema, Pinheiros e Brooklin.
O economista Ciro Biderman, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e ligado
ao Lincoln Institute of Land
Policy, que deu a consultoria ao
estudo da Artesp, diz ser "irrelevante" a colaboração do Rodoanel para amenizar o trânsito na região metropolitana.
Num primeiro momento, a
Secretaria de Estado dos
Transportes espera que caia até
40% o movimento de caminhões no eixo marginal Pinheiros-avenida dos Bandeirantes.
Depois, com o aumento da frota de carros, que vêm batendo
sucessivos recordes, esse efeito
positivo vai se diluir.
"[A melhora] vai se consumir
em um ano. E o Rodoanel nem
foi criado para isso, não é sua
lógica verdadeira. É preocupante, assustador [o aumento
de trânsito projetado no estudo]", diz Biderman.
Os números e as leis de trânsito que vigoram em São Paulo
ajudam a entender o que Biderman diz: hoje, os caminhões representam somente cerca de
3% dos veículos que circulam
na Grande SP e os veículos pesados já não podem circular nas
regiões centrais durante a
maior parte do dia.
Além disso, a farta oferta de
crédito para a compra de carros
em uma cidade ainda mais rica
e a desconfiança em relação à
qualidade do transporte público, que incentiva a busca pelo
transporte individual, complicam ainda mais a situação já delicada no trânsito.
Então, qual é a solução? "Investimento maciço em transporte público, nos trens de superfície, no metrô, em novos
corredores de ônibus", responde o professor Biderman.
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