São Paulo, domingo, 14 de março de 2010

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Corrida pelo pré-sal atrai profissionais e vestibulandos

Para dar conta das novas reservas, serão necessários cerca de 250 mil profissionais capacitados até 2016

OCIMARA BALMANT
DA REVISTA DA FOLHA

Cristiane Teixeira, 25, estava decidida a passar os dias dentro de uma sala de aula. Cursou magistério, foi professora infantil e, até o ano passado, estudava pedagogia. Mudou de ideia. No final de fevereiro, matriculou-se um curso tecnológico na área de petróleo e gás motivada pela palavra que mais ouve nos corredores da universidade em Santos, no litoral de São Paulo: pré-sal.
Um cálculo simples animou a futura profissional da área. Em 2008, as reservas do país somaram 14 bilhões de barris. Com o volume que corre na camada do pré-sal, esse número pode chegar a 100 bilhões de barris.
"Com esse achado e as perspectivas de trabalho, convenci-me de que era o momento certo para entrar nesse mercado", resume a estudante. Como Cristiane, outros profissionais também direcionam a carreira para o setor em ebulição. Para dar conta dessa riqueza, serão necessários cerca de 250 mil profissionais capacitados até 2016. Em médio prazo, a demanda pode ultrapassar os 500 mil.
A paulistana Regina Chan, 24, acaba de colar grau em Engenharia do Petróleo na USP, o único curso de graduação em instituição pública no Estado. Desde o fim de 2009, ela e outros dois amigos da mesma turma estavam contratados como trainees pela Schlumberger, uma multinacional francesa. "Além do salário e das chances de crescimento, me atraiu a oportunidade de atuar em vários lugares do mundo."
Na Petrobras, o salário inicial de um engenheiro é por volta de R$ 5.000. Em cinco anos, contudo, os rendimentos podem chegar a R$ 15 mil.
Trabalhador do porto há 11 anos, o santista Jorge Ozores, 48, resolveu voltar para a escola assim que viu a movimentação crescer. "Senti o mercado aquecendo e corri para entender mais sobre o pré-sal", diz ele, que cursa gestão portuária na Universidade Santa Cecília, também em Santos.
Em vez de impedir, a carreira estável foi o que impulsionou o engenheiro eletricista Odalécio Costa Martins, 46, a voltar para a universidade. Em 2008, ele começou uma especialização em Engenharia de Petróleo.
"Não fui buscar um trabalho, o que eu quis foi aumentar a minha empregabilidade, ter uma opção a mais", diz ele, funcionário de uma multinacional há 20 anos.
À pergunta clássica sobre se a área continuará em alta, a resposta vem emprestada do xeque Yamani, ex-ministro do petróleo da Arábia Saudita. "A idade da pedra acabou e não foi por falta de pedra. A idade do petróleo pode acabar, mas não por falta de petróleo."


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