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Rio+5 começa com discurso feminista
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Após uma solenidade de abertura que primou pelo tom oficial dos
discursos, a líder feminista norte-americana Bella Abzug levantou a platéia que lotava o salão
principal da Rio+5 com sua fala
em defesa da participação das mulheres nos destinos políticos do
planeta.
``Sem a participação das mulheres, não criaremos um sistema de
desenvolvimento sustentável'',
afirmou. Ao concluir seu discurso
conclamando as pessoas a jamais
desistirem ``de dizer a verdade'',
Bella foi aplaudida de pé.
Amigo de longa data da feminista, o idealizador da Rio+5, Maurice Strong, afirmou: ``Ficou claro
que você continua a maior porta-voz das mulheres. Eu diria que
você fala por todos nós''.
Presidente da entidade Women's
Environment and Development
Organization e ex-congressista
norte-americana, Bella disse acreditar que as mulheres mudariam a
natureza do poder. Para ela, o poder, até agora, tem sido fonte de
corrupção.
O seu discurso representou uma
mudança no clima de abertura do
encontro Rio+5, que reúne cerca
de 500 representantes de governos, ONGs (organizações não-governamentais) e empresários para
avaliar o que foi feito nos cinco
anos após a ECO-92.
Aberta ontem, no hotel Sheraton
(Vidigal, zona sul do Rio), a Rio+5
continua até quarta-feira.
Nos discursos de abertura, prevaleceram os elogios mútuos das
pessoas presentes na mesa, como
Strong e o governador do Rio,
Marcello Alencar.
``Em nenhum momento se tentou fazer um balanço dos cinco
anos após a ECO-92. Para quem
esperava uma abertura com uma
avaliação séria, foi frustrante'',
disse o presidente do Partido Verde brasileiro, Alfredo Sirkis.
Em meio a discursos de tom oficial, houve um momento de descontração durante a exibição de
um vídeo sobre a Rio+5. Houve
uma forte gargalhada quando, em
determinado trecho, foi exibida
uma cena do ex-presidente Fernando Collor de Mello durante a
ECO-92, enquanto a voz em off do
locutor afirmava que ``as boas intenções são boas quando seguidas''. O locutor se referia aos acordos estabelecidos na ECO-92 que
não foram cumpridos.
A Rio+5 foi aberta oficialmente
às 9h06 pelo cacique xavante Aniceto Tsudzaverzé. Em seu discurso, ele lembrou problemas que
atingem as nações indígenas, como a invasão de suas terras por garimpeiros e madeireiros.
Depois, deu um presente para
Strong e outro para Alencar.
Strong ganhou um cocar. O governador do Rio, segundo o índio, ganhou ``uma espécie de gravata''
que simboliza a procura da paz, do
entrosamento entre os povos.
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