São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ação não é páreo para indústria, diz economista

DA REPORTAGEM LOCAL

As ações de educação do trânsito, tanto nas salas de aula quanto em campanhas do poder público, são tímidas e seus impactos são muito reduzidos, ainda mais diante da concorrência maciça da publicidade da indústria automobilística, que transmite mensagens que reforçam e podem provocar comportamentos indesejáveis para a segurança viária.
Essa é uma das conclusões do economista Florindo Enoki, que, junto com Cynthia Bertholini Santos, apresentou uma dissertação no curso de educação do trânsito da UnB na qual analisou diversas propagandas de automóveis no país.
Para ele, a apologia a atitudes inseguras ocorre tanto pela exaltação da potência e da velocidade dos veículos, por exemplo, como pela pouca importância que é dada aos aspectos ligados à segurança viária.
"É um equívoco. A indústria, para manter seu mercado, tinha que se interessar pelo cliente vivo", afirma Enoki.
Segundo ele, a proporção de investimentos governamentais para pregar atitudes seguras no trânsito era, na primeira metade desta década, equivalente a um décimo do volume de investimentos da indústria automobilística em suas propagandas no país. "É muito desigual, não dá para competir", diz.
Essa comparação é agravada pelo fato de diversas esferas de governo não cumprirem a legislação, que obriga à utilização do dinheiro arrecadado com multas de trânsito, por exemplo, em medidas de prevenção de acidentes. No próprio governo federal, desde a última década, houve uma prática comum de congelar essa verba carimbada para que houvesse superavit fiscal, uma economia para assegurar a capacidade de pagamento da dívida pública.
O estudo apresentado na UnB, além de apontar distorções nas propagandas, que funcionam como "contrapropaganda às mensagens educativas", cita outros países que "são mais explícitos" quanto às publicidades de veículos.
A dissertação afirma que a Nova Zelândia é taxativa ao proibir anúncios que exaltem a velocidade excessiva e que, na Inglaterra, também há restrições do tipo. (AI)


Texto Anterior: Publicidade de carro terá alerta educativo
Próximo Texto: Opinião: Propaganda do choque
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.