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Ação não é páreo para indústria, diz economista
DA REPORTAGEM LOCAL
As ações de educação do
trânsito, tanto nas salas de aula
quanto em campanhas do poder público, são tímidas e seus
impactos são muito reduzidos,
ainda mais diante da concorrência maciça da publicidade
da indústria automobilística,
que transmite mensagens que
reforçam e podem provocar
comportamentos indesejáveis
para a segurança viária.
Essa é uma das conclusões do
economista Florindo Enoki,
que, junto com Cynthia Bertholini Santos, apresentou uma
dissertação no curso de educação do trânsito da UnB na qual
analisou diversas propagandas
de automóveis no país.
Para ele, a apologia a atitudes
inseguras ocorre tanto pela
exaltação da potência e da velocidade dos veículos, por exemplo, como pela pouca importância que é dada aos aspectos
ligados à segurança viária.
"É um equívoco. A indústria,
para manter seu mercado, tinha que se interessar pelo
cliente vivo", afirma Enoki.
Segundo ele, a proporção de
investimentos governamentais
para pregar atitudes seguras no
trânsito era, na primeira metade desta década, equivalente a
um décimo do volume de investimentos da indústria automobilística em suas propagandas
no país. "É muito desigual, não
dá para competir", diz.
Essa comparação é agravada
pelo fato de diversas esferas de
governo não cumprirem a legislação, que obriga à utilização
do dinheiro arrecadado com
multas de trânsito, por exemplo, em medidas de prevenção
de acidentes. No próprio governo federal, desde a última década, houve uma prática comum
de congelar essa verba carimbada para que houvesse superavit fiscal, uma economia para
assegurar a capacidade de pagamento da dívida pública.
O estudo apresentado na
UnB, além de apontar distorções nas propagandas, que funcionam como "contrapropaganda às mensagens educativas", cita outros países que "são
mais explícitos" quanto às publicidades de veículos.
A dissertação afirma que a
Nova Zelândia é taxativa ao
proibir anúncios que exaltem a
velocidade excessiva e que, na
Inglaterra, também há restrições do tipo.
(AI)
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