São Paulo, quinta-feira, 14 de maio de 2009

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Polícia demora 40 minutos e encontra sequestrado morto

Após 17 dias de cativeiro, advogado de Diadema apareceu numa avenida do Alto de Pinheiros passando mal e um vigia pediu socorro

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Ademar Boaventura Michels, 60, pai do vereador de Diadema (ABC paulista) Lauro Michels Neto (PSDB), morreu na madrugada de ontem no Alto de Pinheiros (zona oeste de SP) depois de ter passado 17 dias sequestrado.
Ele foi encontrado passando mal na avenida Diogenes Ribeiro de Lima por um vigia, que ligou para a PM. A polícia levou cerca de 40 minutos para aparecer. Michels já estava morto, vítima de provável infarto.
Para os familiares do advogado, a demora contribuiu para a sua morte. O Comando da PM disse "lamentar o desfecho".
"A gente teve muito apoio da polícia nesses dias de sequestro, mas agora a família fica só com o se, se tivesse acontecido isso ou se tivesse aquilo, ele poderia estar aqui. Se houve falhas, os policiais vão ser punidos, mas nada vai trazer o Ademar de volta", afirmou Marcos Michels, primo da vítima.
Segundo depoimento do vigia Manoel João da Silva, o advogado chegou transtornado e cambaleando até a guarita em que ele estava, falando frases desconexas. Mesmo assim, conseguiu dizer que era vítima de um sequestro e pediu ajuda.
O vigilante ligou para a PM às 0h52. Enquanto esperava socorro, o advogado ficou sentado na calçada e conseguiu tomar apenas meio copo de água.
Quando os PMs do 23º batalhão chegaram ao local, que fica no Alto de Pinheiros, bairro em que o governador José Serra (PSDB) tem sua casa, Michels estava morto, caído na calçada.
Mesmo assim, os PMs chamaram um carro de resgate dos bombeiros. O resgate levou mais meia hora para chegar.
Um laudo previsto para ficar pronto em até 30 dias determinará a causa de sua morte.
Michels foi sequestrado às 7h do dia 27 de abril, quando chegava para trabalhar em seu escritório, em Diadema. Ele foi levado por criminosos que estavam divididos em dois carros.
Nos 17 dias de sequestro, os criminosos fizeram cinco contatos com seus familiares para exigir R$ 2 milhões de resgate, valor que não foi pago. Não se sabe se ele foi solto ou fugiu.
Michels advogava havia 26 anos e era bastante conhecido em Diadema. Durante uma gestão na cidade de seu tio, também chamado Lauro Michels, o advogado chefiou o gabinete do então prefeito. Além do vereador, o advogado tinha um outro filho.


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