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SEGURANÇA
Pelo menos oito mulheres foram vítimas nos três últimos meses na Vila Clementino, segundo registros de hospital
Estupros em série assustam rua Loefgreen
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos oito mulheres foram vítimas de violência sexual
nos três últimos meses na rua
Loefgreen e adjacências, na Vila
Clementino, zona sul de São Paulo. A área fica nas imediações da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), que atendeu as mulheres violentadas e registrou os
dados das ocorrências. Uma das
vítimas é da comunidade universitária e foi estuprada há um mês.
Segundo os relatos feitos à Unifesp, os ataques ocorrem sempre
à noite, em áreas escuras e pouco
movimentadas. Em muitos casos,
o suspeito leva as vítimas para as
proximidades de um viaduto sobre avenida 23 de Maio, num local
onde não pode ser visto pelos motoristas que passam nos carros.
Há mulheres que foram abordadas por um suspeito armado de
faca e outras por alguém com um
revólver. A maioria das vítimas
tem entre 18 e 25 anos. Apesar de a
Unifesp ter atendido oito vítimas,
a polícia diz só ter registro de três
casos na região.
O grande número de casos num
período curto de tempo fez com
que a universidade se mobilizasse. De acordo com a diretora do
Departamento de Comunicações,
Regina Stella, na semana passada
houve uma reunião entre representantes da universidade e a polícia, na qual foi solicitado maior
patrulhamento na área.
Também foram postos avisos
na intranet da universidade e cartazes em alguns prédios com dicas sobre violência. Segundo Stella, não foi explicitado que se trata
de violência sexual, mas os avisos
orientam as pessoas a evitar sair
sozinhas e andar por locais mal-iluminados. Além disso, qualquer
ocorrência deve ser comunicada à
segurança e a delegacia tem de ser
notificada.
Cartazes
Quem circula pela região foi informado ontem por cartazes fixados em postes e muros no trecho
da Loefgreen, que vai da rua Botucatu à rua dos Otonis.
O texto, todo em letra maiúscula, alerta sobre um estuprador em
ação no bairro: "Cuidado! Estuprador agindo no bairro. Várias
mulheres foram atacadas. Tenha
muito cuidado ao andar pela rua
Loefgreen, entre rua Botucatu e
rua dos Otonis". Ninguém assina
o material.
"Uma amiga me contou que o
cara esperava as mulheres naquela esquina [rua Loefgreen com rua
Napoleão de Barros] para atacá-las", contou a babá Marisa Dourado, 37, que trabalha numa casa da
região. "Fico com medo de andar
aqui porque é muito deserto. A
pessoa quando vem para o ponto
[de ônibus] tem que rezar." A babá disse já ter trocado de ponto de
ônibus três vezes numa única noite por não se sentir segura.
O guardador de carros Gilberto
dos Santos, 45, afirmou que, na
última sexta-feira à noite, uma
mulher pediu que ele a acompanhasse até a rua Pedro de Toledo
porque um homem a estava seguindo. "Fui falar com o cara e ele
saiu correndo. Já ouvi dizer que os
estupros são à noite ou de manhã
cedo, dizem que até cortaram o
seio de uma doutora", falou. A informação não é confirmada nem
pela polícia nem pela Unifesp.
Um porteiro e uma auxiliar de
limpeza que trabalham numa empresa da rua e não quiseram se
identificar também dizem ter ouvido falar dos casos de estupro.
"O inspetor de uma escola aqui
perto disse que o problema é que
o povo fala, fala, mas ninguém denuncia", afirmou.
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