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Engenheiro é morto em assalto no Morumbi
O argentino Ricardo Monserrat, 54, foi assassinado a facadas, dentro de casa, após enfrentar um dos quatro criminosos
Segundo testemunhas, ele percebeu que arma de adolescente era de brinquedo, reagiu e foi imobilizado e morto pelos comparsas
CINTHIA RODRIGUES
MAURÍCIO HORTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O engenheiro argentino Ricardo Fernando Monserrat, 54,
foi morto a facadas após reagir
a um assalto dentro de sua casa,
no Morumbi (zona oeste de São
Paulo). No início da madrugada
de ontem, ele ouviu um barulho
no térreo de seu sobrado e desceu para verificar. Segundo sua
família, na copa, ele gritou:
"Daqui você não passa".
De acordo com o relato dos
empregados à polícia, Monserrat se deparou com um assaltante adolescente e percebeu
que a sua arma era de brinquedo. Pegou então uma faca da cozinha e o enfrentou.
O garoto de 14 anos tentou
fugir, mas foi golpeado nas costas. Quando ouviram os gritos,
outros três assaltantes, que
mantinham dois empregados
rendidos e se preparavam para
vasculhar a casa, correram em
direção ao engenheiro. Eles o
imobilizaram e usaram a mesma faca para feri-lo no pescoço.
Os quatro fugiram sem levar
nada. Ontem mesmo dois menores de 18 anos foram apreendidos como suspeitos.
O filho do engenheiro, Leandro Monserrat, 24, tentou reanimá-lo, enquanto a mulher,
Flora Eunice, pedia socorro. A
vítima morreu a caminho do
hospital Albert Einstein.
A casa fica a um quarteirão
do estádio do Morumbi, na rua
Horácio Bandieri, e tem três
pavimentos. Muros e grades
que a cercam têm cerca de dez
metros de altura. Para entrar,
os assaltantes escalaram um
terreno vizinho que está em
processo de terraplenagem.
O velório, programado no
cemitério do Morumbi, não
ocorreu. Às 17h, o corpo ainda
estava no IML (Instituto Médico Legal), e a família decidiu levá-lo diretamente para o crematório, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo).
"Melhor pai do mundo"
Além de parentes e amigos
do engenheiro, foram ao cemitério cerca de 50 jovens, amigos
de seus filhos, Leandro, estudante de engenharia, e Luiza,
18, aluna de arquitetura. Muitos eram ex-colegas da escola
Miguel Cervantes, onde os irmãos estudaram.
Luiza foi a única a ir ao cemitério, enquanto a mãe e o irmão
estavam no IML. Durante duas
horas, os visitantes formaram
uma fila para consolá-la.
"Ele era o melhor pai do
mundo", repetia. "Minha mãe e
meu irmão estavam no andar
de cima, e meu pai foi à copa da
cozinha proteger a família",
contou. Segundo ela, o irmão
desceu para ajudar, mas já encontrou o pai ferido. "Ele ainda
acordou, mas não resistiu."
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