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Transplantes de rins batem recorde histórico em 2007
Coordenador do Sistema Nacional de Transplantes diz que vai reforçar contato com hospitais para ter mais doadores
Brasil realizou 3.397 transplantes em 2007, de acordo com a ABTO; 1.730 rins vieram de doadores mortos e 1.667 de vivos
DA REPORTAGEM LOCAL
O SNT (Sistema Nacional de
Transplantes), órgão do Ministério da Saúde, planeja modificações na legislação que rege os
transplantes no país para tentar tornar o sistema mais eficiente, segundo afirmou ontem
à Folha o seu coordenador,
Abrahão Salomão Filho.
"Vamos estimular um contato maior do que há hoje entre
os hospitais e o SNT, por exemplo. Estamos estudando diversas outras alterações e atualizações na legislação, que está
completando dez anos, para
que passem a vigorar a partir
de setembro", diz.
Os esforços para tornar o sistema mais eficiente já produziram resultado em 2007, segundo Salomão Filho.
No ano passado, foi batido o
recorde de doações de rins,
com 3.397 procedimentos.
Além disso, 2007 foi um dos
poucos anos em que transplantes com rins de mortos (1.730)
superaram os de vivos (1.667).
Considerando todos os órgãos transplantados, a taxa de
doadores ficou em 6,2 por milhão de habitantes, melhor que
os 6 registrados em 2006. Entretanto, o desempenho foi
pior que os 7,2 de 2004, de
acordo com a ABTO.
"Conseguimos nos aproximar de nossa melhor marca.
Tornando a captação de órgãos
mais eficiente, melhoraremos
diversos indicadores, inclusive
a relação que existe hoje entre
doadores de rins vivos e mortos", diz o coordenador.
No mundo
Apesar da pequena melhora
apresentada em 2007, o Brasil
ainda está muito atrás de outros países no que se refere a
transplantes. Um "oceano" separa o país da Espanha, que teve 33,8 doadores por milhão de
habitantes em 2006. Países
próximos, como o Uruguai, que
tem 25,2 doadores por milhão,
também superam o Brasil.
As diferenças na captação
também causam impacto diretamente na relação entre doadores de rins vivos e mortos em
comparação com outros países.
Muitos dos que se destacam na
captação de órgãos têm uma relação de doadores inversa à
brasileira e fazem a maioria de
seus transplantes com doadores mortos. É o caso da Espanha, onde menos de 3% dos
rins transplantados em 2004
foram de doadores vivos.
José Osmar Medina Pestana,
nefrologista e diretor do Hospital do Rim de São Paulo, afirma,
porém, que a divisão entre doadores no mundo é cultural.
"Na Índia, por exemplo, há
uma série de critérios para habilitar o morto à doação. Já o
Irã remunera doadores vivos.
Nos Estados Unidos, doadores
vivos e mortos estão mais ou
menos divididos, como ocorre
no Brasil", conta.
Há ainda países como a Suécia em que o número de doadores mortos é baixo. Isso acontece porque a maioria das pessoas
tem morte natural. É geralmente nas mortes violentas em
que há morte encefálica -o
corpo continua funcionando,
permitindo que o rim permaneça vivo para doação.
A diminuição do número de
mortes violentas também é
uma questão que dificulta o
crescimento dos doadores
mortos no Brasil, segundo Medina. "Felizmente, por um lado,
esse dado melhorou no Brasil.
Entretanto, perdemos no número de órgãos disponíveis."
Segundo Medina, por mais
que se trabalhe para melhorar a
captação no Brasil, é impossível
acabar com a fila de transplante
de rim.
"A saúde hoje não é só o
transplante, mas essa área pode
melhorar dependendo de ser
uma questão prioritária. Mas,
mesmo assim, a fila não vai acabar nunca, na medida em que as
pessoas envelhecem e acontecem menos mortes violentas."
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