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Maioria dos transplantes de rins depende de doador vivo
Nos últimos 11 anos, 17.494 pessoas receberam o órgão de doadores vivos
Fila para transplante tem, hoje, 35 mil pacientes; para especialistas, problema é a falta de organização na captação de órgãos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos 11 anos, mais da
metade dos transplantes de
rins no Brasil foram feitos com
órgãos de doadores vivos. Dos
31.587 procedimentos, 17.494
usaram órgãos de doadores vivos, contra 14.093 realizados
com rins de doadores mortos.
O número corresponde à soma dos balanços anuais da ABTO (Associação Brasileira de
Transplantes de Órgãos) desde
1997, quando a entidade passou
a registrar os transplantes.
Os dados da associação mostram ainda que são desperdiçados ao menos 50% dos órgãos
potencialmente aptos a transplantes, em razão das deficiências de notificação dos casos de
morte encefálica.
Segundo especialistas, essa
diferença é um dado crítico
porque o número total de
transplantes é bastante baixo,
principalmente com doadores
mortos. Isso significa que quem
não encontra um doador vivo
precisa entrar em uma fila que
tem, hoje, 35 mil pessoas -a cada ano, são realizados pouco
mais de 3.000 transplantes,
com os dois tipos de doador.
De acordo com Abrahão Salomão Filho, coordenador do
SNT (Sistema Nacional de
Transplantes), uma melhora
no sistema de captação poderia
significar que muitas pessoas
não tivessem que tirar um de
seus rins para doar.
Em 2006, por exemplo, foram 1.768 transplantes de doações por vivos e 1.513 por mortos. Se contarmos que uma pessoa viva pode doar um órgão e a
morta, dois, conclui-se que o
número de indivíduos vivos envolvidos é ainda muito maior.
Para o presidente da ABTO,
Valter Duro Garcia, a possibilidade de menos vivos terem que
doar um rim não é tão vantajosa. "Às vezes, o doador vivo é
melhor que o doador falecido.
Um transplante de um irmão
com uma carga genética idêntica vai durar mais de 30 anos
sem problema", afirma.
Ele aponta ainda outras vantagens na doação de um vivo,
como uma investigação mais
profunda do histórico do doador e a possibilidade de fazer a
cirurgia com mais calma.
Incentivo à doação
Na opinião de Garcia, para
equilibrar a fila de espera, o
país deveria ter mais doadores
falecidos, mas também muitos
doadores vivos. "Precisamos de
11 mil transplantes de rim por
ano, mas só fazemos pouco
mais de 3.000. Para isso, o ideal
seria aumentar em quatro vezes o número de doadores mortos e em duas vezes o de vivos."
Ele diz que é necessário melhorar a captação, pois não é
possível aumentar muito o número de doadores vivos. "Algumas pessoas não podem doar e
a tarefa de encontrar um doador compatível é difícil em outros casos", afirma.
Quando um paciente entra
na lista de espera, não tem previsão de quando irá para a cirurgia. Isso porque é preciso
aparecer um doador compatível e ainda esperar que aqueles
que estão há mais tempo na fila
exerçam a preferência.
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