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Exército pune com prisão outro sargento homossexual
Fernando Alcântara é companheiro de sargento preso há nove dias após falar à TV
Entrevista à RedeTV! sem aval e uso de farda alterada em foto de revista motivaram prisão, diz advogado; o Exército não se manifestou
ANGELA PINHO
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Exército prendeu ontem o
sargento Fernando Alcântara.
Ele é companheiro do também
sargento Laci de Araújo, preso
há nove dias após dar uma entrevista à RedeTV!.
De acordo com o advogado de
Alcântara, Marcos Rogério de
Souza, a prisão tem prazo de oito dias e é resultado de um processo disciplinar.
Ainda segundo ele, o Exército deu duas justificativas: o sargento não poderia ter ido a São
Paulo dar entrevista à TV sem
autorização e usou um uniforme militar "alterado" nas fotos
da revista "Época", que fez reportagem em que ele assumia a
sua relação homossexual.
Em sua defesa, Alcântara
afirma que "não houve uso de
uniforme, e sim de uma camiseta com estampas camufladas
semelhantes às de utilização no
Exército". Sobre a ida a São
Paulo sem aval, sua defesa diz
que ele viajou após o expediente e, não fosse a prisão de seu
companheiro, voltaria antes.
O Exército também pediu a
ele explicações por ter omitido
a localização de seu companheiro, à época procurado sob a
acusação de deserção. Ele respondeu que o decreto-lei nº
1.001, de 1969, isenta de pena
quem vive de forma conjugal.
Alcântara atribui sua prisão à
expressão de "homofobia estatal", já que ele pegou a maior
pena de um processo disciplinar -a menor é a advertência.
Ele está na carceragem do
Batalhão da Guarda Presidencial, a metros da carceragem de
Araújo, no Batalhão de Polícia
do Exército.
Segundo o advogado, a preocupação do sargento é com o
estado de saúde de Araújo, que
teria problemas neurológicos.
Uma comissão formada por
um membro do Ministério Público do Distrito Federal e por
uma deputada da Câmara Distrital tentou ontem ver Araújo,
mas foi barrada -os militares
exigiram autorização judicial.
A senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) informou que tentou falar com o comandante do
Exército, general Enzo Peri, para saber do caso, mas não conseguiu. A Folha procurou o
Exército, que não respondeu.
A homossexualidade no
Exército veio à tona após a prisão de Araújo. Segundo o Exército, ele é desertor. Os sargentos dizem ser perseguidos por
causa da orientação sexual -o
Exército nega.
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