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Menino é queimado em ataque a ônibus
Garoto de dois anos e nove meses que teve rosto e braço atingidos por explosão voltava do cinema com a mãe em São Vicente
Criança foi internada anteontem à noite com queimaduras de segundo grau em unidade especial da Santa Casa de Santos
MARIANA CAMPOS
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
"O ônibus explodiu." É só o
que repete à mãe o menino de
dois anos e nove meses que teve
rosto e braço queimados durante um ataque a ônibus em
São Vicente -um dos 13 promovidos pelo PCC (Primeiro
Comando da Capital) na cidade
da Baixada Santista.
Internado com queimaduras
de segundo grau em uma unidade especial da Santa Casa de
Santos, o garoto quase não fala.
Com curativos na face e uma
bandagem em volta da mão,
pulso e antebraço esquerdos,
apenas chora.
Demonstrando cansaço, a
mãe conta que não conseguiu
dormir e que não sente fome.
Espantada por ter se tornado,
sem querer, um alvo da onda de
violência na Baixada Santista,
diz que não sabe ao certo como
tudo aconteceu na noite em
que ela e o filho voltavam de um
passeio em um dia de folga.
"A gente estava bem no meio
do ônibus, na porta. Mas não vi
nada, porque ele estava lotado,
com muita gente em pé. Só ouvi
dizerem: "Corre, motorista,
corre". Quando vi, já tinha fogo
do nosso lado."
A mãe e seu filho foram duas
das cinco pessoas que se feriram anteontem à noite após
ataques a ônibus na Baixada
Santista. Nenhuma corre risco
de morte. Todos se queimaram
porque os grupos criminosos
não esperaram elas descerem
antes de atacar os veículos.
Estratégia
A polícia diz acreditar que foram casos isolados, mas não
descarta a possibilidade de uma
mudança de estratégia dos criminosos. "O ato é covarde e de
pessoas completamente desqualificadas", afirmou o comandante interino da Polícia
Militar da Baixada Santista,
Eduardo José Felix de Oliveira.
Em Cubatão, os criminosos
pediram para que os passageiros descessem do veículo, mas
lançaram o coquetel molotov
antes de ele ser esvaziado. O artefato atingiu o motorista do
ônibus, que teve 30% do corpo
queimado. Em São Vicente, outras duas mulheres foram atingidas por bombas incendiárias.
Desde o começo dos atentados, segundo a PM, 35 pessoas
foram presas em flagrante em
Santos, São Vicente, Guarujá,
Cubatão e Praia Grande. Oliveira afirmou que todo o efetivo
está nas ruas, o que representa
65% a mais de homens no patrulhamento ostensivo. São
agora 2.800 policiais na região.
Na Baixada, já há policiais à
paisana em alguns pontos de
ônibus e a corporação estuda
colocá-los dentro dos coletivos.
Duas casas de policiais e cinco supermercados também foram atacados. Em Peruíbe, um
ônibus foi incendiado e o 1º DP,
alvo de disparos e coquetel molotov. Ninguém se feriu.
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