São Paulo, sexta-feira, 14 de julho de 2006

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Menino é queimado em ataque a ônibus

Garoto de dois anos e nove meses que teve rosto e braço atingidos por explosão voltava do cinema com a mãe em São Vicente

Criança foi internada anteontem à noite com queimaduras de segundo grau em unidade especial da Santa Casa de Santos


MARIANA CAMPOS
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

"O ônibus explodiu." É só o que repete à mãe o menino de dois anos e nove meses que teve rosto e braço queimados durante um ataque a ônibus em São Vicente -um dos 13 promovidos pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) na cidade da Baixada Santista.
Internado com queimaduras de segundo grau em uma unidade especial da Santa Casa de Santos, o garoto quase não fala. Com curativos na face e uma bandagem em volta da mão, pulso e antebraço esquerdos, apenas chora.
Demonstrando cansaço, a mãe conta que não conseguiu dormir e que não sente fome. Espantada por ter se tornado, sem querer, um alvo da onda de violência na Baixada Santista, diz que não sabe ao certo como tudo aconteceu na noite em que ela e o filho voltavam de um passeio em um dia de folga.
"A gente estava bem no meio do ônibus, na porta. Mas não vi nada, porque ele estava lotado, com muita gente em pé. Só ouvi dizerem: "Corre, motorista, corre". Quando vi, já tinha fogo do nosso lado."
A mãe e seu filho foram duas das cinco pessoas que se feriram anteontem à noite após ataques a ônibus na Baixada Santista. Nenhuma corre risco de morte. Todos se queimaram porque os grupos criminosos não esperaram elas descerem antes de atacar os veículos.

Estratégia
A polícia diz acreditar que foram casos isolados, mas não descarta a possibilidade de uma mudança de estratégia dos criminosos. "O ato é covarde e de pessoas completamente desqualificadas", afirmou o comandante interino da Polícia Militar da Baixada Santista, Eduardo José Felix de Oliveira.
Em Cubatão, os criminosos pediram para que os passageiros descessem do veículo, mas lançaram o coquetel molotov antes de ele ser esvaziado. O artefato atingiu o motorista do ônibus, que teve 30% do corpo queimado. Em São Vicente, outras duas mulheres foram atingidas por bombas incendiárias.
Desde o começo dos atentados, segundo a PM, 35 pessoas foram presas em flagrante em Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande. Oliveira afirmou que todo o efetivo está nas ruas, o que representa 65% a mais de homens no patrulhamento ostensivo. São agora 2.800 policiais na região.
Na Baixada, já há policiais à paisana em alguns pontos de ônibus e a corporação estuda colocá-los dentro dos coletivos.
Duas casas de policiais e cinco supermercados também foram atacados. Em Peruíbe, um ônibus foi incendiado e o 1º DP, alvo de disparos e coquetel molotov. Ninguém se feriu.


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