|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
São Paulo terceiriza gestão desde 1998, mas modelo é diferente
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado de São Paulo terceira, desde 1998, a gestão de unidades de saúde para organizações sociais (OSs), entidades da
sociedade civil sem fins lucrativos. É um modelo semelhante
ao que o governo federal quer
adotar em seus hospitais, com a
diferença de que lá serão fundações ligadas ao Ministério da
Saúde (veja quadro ao lado).
Ontem, o governador José
Serra (PSDB) disse que aprova
a proposta. "Nós apoiamos, até
porque em parte está baseado
na experiência de São Paulo.
Eu, pessoalmente, vou encaminhar para os outros governadores e também para o meu partido a posição favorável."
As OSs administram 19 hospitais estaduais. A prefeitura
terceiriza 18 postos de saúde e o
hospital Cidade Tiradentes.
Prédios, equipamentos e recursos são do governo. Porém,
toda a gestão é de responsabilidade das entidades, que usam o
dinheiro público sem a necessidade de se submeter à Lei de Licitações e à Lei de Responsabilidade Fiscal. O Tribunal de
Contas do Estado verifica possíveis desvios de verbas.
Angelo D'Agostini Júnior, diretor do SindiSaúde (Sindicato
dos Trabalhadores Públicos da
Saúde do Estado de São Paulo),
critica a gestão por OSs. Segundo ele, a única vantagem do
modelo é que os salários, em
geral, são 10% a 20% mais altos
do que na gestão pública.
Entretanto, diz ele, a falta de
transparência das entidades
permite que funcionários com
cargos de direção recebam salários muito mais altos do que
aqueles permitidos no governo.
A assessoria de imprensa da
Secretaria de Estado da Saúde
informou que os contratos firmados com as OSs estabelecem
metas de atendimento -números de internações e de consultas, por exemplo-, para que os
recursos sejam repassados.
Segundo a secretaria, os pacientes internados em hospitais administrados por OSs custam, em média, R$ 2.690, contra R$ 3.554 nos hospitais com
administração direta. Os dados
são de um estudo de 2005.
InCor
O governo do Estado também conta com fundações de
apoio para quatro de seus hospitais. Fundações formadas,
em geral, por médicos do próprio hospital, buscam dinheiro
para ajudar a financiar as atividades, como complementação
dos salários de médicos e compra de equipamentos.
No ano passado, o InCor
(Instituto do Coração), ligado
ao Hospital das Clínicas, passou por uma forte crise por causa das dívidas da sua fundação
de apoio, a Zerbini.
Neste ano, o governo do Estado assumiu a dívida de R$ 120
milhões da fundação com o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social). Contratos de R$ 30 milhões da fundação estão sob investigação da Promotoria.
Texto Anterior: Bresser elogia, mas tucanos resistem à idéia Próximo Texto: Entidades médicas vêem idéia com preocupação; CUT critica Índice
|