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Entidades médicas vêem idéia com preocupação; CUT critica
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entidades médicas disseram
ver com preocupação a proposta do governo federal enviada
ao Congresso que permite a
gestão da saúde por meio de
fundações de direito privado.
O conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina) Geraldo Guedes, também coordenador da comissão pró-SUS do
órgão, disse que as mudanças
têm de preservar os princípios
do Sistema Único de Saúde, como "universalização do acesso
ao atendimento e controle social" dos recursos públicos. Para ele, ainda não está claro qual
seria o modelo de gestão empregado nas fundações.
"Temos a preocupação com o
que poderia estar por trás, no
sentido de tirar a responsabilidade do Estado com a gestão da
saúde. É importante que os alicerces do SUS não sejam maculados. Na busca de uma maior
eficiência de gestão, tais princípios podem vir a ser relativizados", avalia Guedes.
"No afã de buscar soluções
mágicas na questão da gestão, é
possível que estejamos criando
novos problemas", completa.
Também com preocupação,
o diretor da Fenam (Federação
Nacional dos Médicos) e presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes, diz ver uma "terceirização disfarçada", que "transfere
para a administração privada a
responsabilidade da gestão pública, sem que haja transferência das conseqüências dessa
responsabilidade".
"Vários fatos fogem à prestação de contas. Fundação não é
sinônimo de eficiência. É preciso controle social mais efetivo e
um controle financeiro eficiente", afirma Carvalhaes.
Para o diretor do SindSaúde
(Sindicato dos Trabalhadores
Públicos da Saúde no Estado de
São Paulo) Angelo D'Agostini
Jr., "apesar de estatal, a fundação seria de direito privado". "É
uma aberração, porque o privado trabalha na lógica do lucro e
o estatal, não", diz.
Dever do Estado
Em nota, a CUT (Central
Única dos Trabalhadores) disse
se opor à criação das fundações:
"Consideramos que as áreas de
saúde, educação, assistência
social e cultura devem ser vistas como dever do Estado".
Para a entidade, a proposta
"põe em risco o atendimento ao
usuário" do SUS e "abandona a
perspectiva da construção de
uma carreira única para os profissionais da saúde".
Segundo a CUT, "não há previsão no projeto de mecanismos de controle social".
"As fundações vão acabar
com o serviço público e não garantem a uniformização nos
serviços essenciais, como saúde. Pode haver politização do
emprego com prejuízo do serviço, com troca de trabalhadores [a cada mandato político], já
que eles não têm estabilidade",
avalia o secretário-geral da
CUT, Quintino Severo.
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