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MEDICINA
Nova técnica torna cirurgia reparadora de artéria coronárias mais eficaz e segura
Cresce eficiência de cirurgia em artérias
ÁLVARO MONTENEGRO
free-lance para a Folha
A utilização de uma nova técnica
aumentou no Brasil, nos últimos
dois anos, a eficiência e o número
de angioplastias (pequenas cirurgias que usam cateteres para desobstruir artérias).
A conclusão é de um estudo publicado na edição de julho da revista "Arquivos Brasileiros de
Cardiologia", que avaliou cerca
de 39 mil angioplastias coronarianas (feitas nas artérias que irrigam
o coração) realizadas de 92 a 97.
Nas angioplastias tradicionais,
um pequeno balão é conduzido
até o ponto bloqueado da artéria e
inflado, expandindo o diâmetro
do vaso.
A nova técnica complementa esse procedimento e fixa um pequeno tubo, aproximadamente do tamanho de uma mola de caneta esferográfica, chamado "stent", no
local já expandido pelo balão.
Segundo Amanda Souza, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, coordenadora do estudo, o "stent" confere
suporte ao vaso, impedindo que
ele volte a fechar, o que aumenta a
eficiência e diminui as complicações da angioplastia.
Amanda diz que o novo procedimento, que hoje é utilizado em
51% das angioplastias, foi o principal responsável pelo aumento
do índice de sucesso das operações, que passou de 89,7% de 92 a
93 para 92,8% de 96 a 97.
No estudo, foram consideradas
angioplastias bem-sucedidas as
desobstruções que não fecharam
nas 48h seguintes à operação.
Segundo o estudo, a angioplastia
passou a ser adotada com mais
frequência nos últimos dois anos.
Cerca de 17 mil pessoas sofreram
angioplastias entre 92 e 93, número que saltou para 22 mil entre 96 e
97, um aumento de 30%.
A cirurgia foi usada num maior
número de idosos, que representavam 14,8 % das angioplastias entre 92 e 93 e passaram responder
por 19,6% dos casos entre 96 e 97.
A quantidade de mulheres tratadas com a angioplastia também
aumentou, subindo de 28% para
30,6% entre os dois períodos.
A familiarização dos cirurgiões
com a angioplastia permitiu que a
técnica passasse a ser adotada em
situações de emergência, como infartos cardíacos, diz Amanda.
A angioplastia demora, em média, uma hora. A maioria dos pacientes volta para casa depois de
dois dias no hospital, de acordo
com a médica.
Amanda diz que o maior risco da
angioplastia é a trombose, ou formação de coágulos, na região operada do vaso. Os coágulos seriam
causa da maioria das mortes causadas pela angioplastia, cerca de
0,5% dos casos de pacientes que
não estão sofrendo infarto.
A mortalidade atinge 4% quando a angioplastia é realizada em
pessoas que passam por infartos.
Segundo a médica, o uso de um
segundo balão para fixar o
"stent" na parede do vaso e drogas que impedem a formação dos
coágulos fizeram com que a incidência de trombose caísse de 10%
para menos de 2% nos últimos
anos.
A idéia de fixar um tubo no interior de vasos sanguíneos já havia
sido proposta, no início do século,
por Alex Carrel, médico inglês.
Durante os anos 60, pesquisadores
dos EUA aprimoraram o conceito.
O primeira angioplastia a implantar com sucesso um "stent"
num ser humano foi feita por
cientistas franceses em 1986.
No Brasil, o primeiro teste com
um "stent" foi realizado em dezembro de 1987, num projeto conjunto do Instituto Dante Pazzanese e de pesquisadores da Universidade do Texas (EUA).
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