São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2010

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Monotrilho desapropria e ameaça visual no Morumbi

Área afetada equivale a 18 campos de futebol e inclui casas de alto padrão

Linha 17-ouro do metrô, que ligará aeroporto de Congonhas à rede de trilhos, terá trens sobre pilares de 15 m de altura

ALENCAR IZIDORO
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO

O Metrô planeja desapropriar uma área superior a 18 campos de futebol e remover casas de alto padrão para a implantação do monotrilho que vai ligar a região do aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara.
O morador que não tiver seu imóvel demolido deve sofrer outro impacto negativo de "alta relevância": a mudança da paisagem devido à presença de vigas de até 15 m de altura na via pública.
O monotrilho é um tipo de trem com pneus que rodará sobre estruturas elevadas.
O alerta consta do estudo de impacto ambiental da futura linha 17-ouro, prometida pelo governo paulista para ser entregue até 2013.
O estudo oficial encomendado pelo Metrô considera viável a realização da obra -que, quando estiver pronta, deve ser usada por mais de 200 mil passageiros/dia.
Adverte, porém, que ela será um "grande causador de incômodo" à população vizinha, que pode ter uma "redução da qualidade de vida".
O documento estima em 132 mil m2 a região atingida por desapropriações. Com exceção das áreas que estão hoje desocupadas, a predominância de imóveis atingidos é de casas de alto padrão.
Também será afetada parte da favela de Paraisópolis, que terá imóveis desapropriados para implantar a Via Perimetral, avenida de 4 km que irá do estádio do Morumbi à marginal Pinheiros e que faz parte do pacote de intervenções urbanas necessárias à implantação da linha 17.

VISTA DA VARANDA
No Panamby, a estrutura do monotrilho fará parte do visual das varandas de apartamentos. "O padrão residencial vertical [da região] faz com que o impacto visual do monotrilho seja intensificado, pois alguns domicílios ficarão no mesmo nível que as estruturas permanentes", afirma um trecho do estudo.
Esse mesmo "impacto visual" provocará "incômodos significativos à população" vizinha das avenidas Jorge João Saad e Jules Rimet.
Perto de vias como Otávio Mangabeira e Viriato Correia, hoje de baixo tráfego de veículos e pedestres, o relatório diz que se espera "aumento significativo do movimento, devendo atrair também camelôs e desvalorizando alguns espaços do entorno".
Para atenuar os impactos na paisagem, a proposta é que as vigas fiquem sobre uma faixa de 50 m -para não grudar tanto nos prédios.
Haverá ainda impacto sonoro do monotrilho. O estudo sugere uma proteção com barreira acústica para minimizar a propagação do ruído.


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