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AUGUSTA MONTEIRO TIROTTI (1912-2010)
Imigrante portuguesa e tecelã
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de 20 dias de uma
viagem penosa cruzando o
oceano Atlântico de Portugal
para Brasil, Augusta Monteiro Tirotti, aos 8, precisou esperar um pouco mais para pisar o chão do Novo Mundo.
Ao chegar a Santos (SP),
ela, o caçula dos seis irmãos e
boa parte dos imigrantes estavam com pneumonia. O
navio ficou de quarentena,
ancorado no litoral da cidade
e sem atracar no porto.
Depois de dias, foi levada a
um hospital, onde ficou por
uma semana até seguir com
os pais, para começar uma
vida em São Paulo.
A família se instalou no
Brás, no centro. Enquanto o
pai trabalhava numa fábrica
de bebidas e a mãe cuidava
da casa, ela estudava.
Concluiu o curso primário
e, aos 15, já trabalhava como
tecelã. Mudou-se com os pais
para Vila São José, Ipiranga.
As ruas do bairro ainda
eram de barro quando conheceu o barbeiro João. Casaram-se em 1933 e tiveram
dois filhos.
Hoje, na Vila São José, todos a conheciam e alguns diziam que ela era a pessoa
mais velha do bairro.
Convidada por uma escola
da região, contou as histórias
dos seus 97 anos para as
crianças, que ficaram espantadas com sua longevidade.
A sopa de grão de bico, repolho e batata que fazia não
sai da memória gustativa dos
netos. Quem não comesse levava bronca pela desfeita.
Morreu no domingo, aos
97, em São Paulo, em decorrência de um derrame. Deixa
dois filhos, cinco netos, três
bisnetos e um tataraneto.
A missa de sétimo dia será
hoje, às 19h, na Igreja Santo
Expedito Quedas, na Vila
Isolina Mazzei.
coluna.obituario@uol.com.br
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