São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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NA POLÍCIA
Maria Helena guardava cópia de documento da prefeitura indicando assessores seus para serviço funerário
Ofício sugere que vereadora fez indicação

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Um documento encontrado na casa da vereadora Maria Helena Fontes (PL) reforça a acusação de que a parlamentar indicou três diretores do Serviço Funerário Municipal.
Uma ex-assessora afirma que a vereadora recebeu os cargos para votar contra um pedido de impeachment do prefeito Celso Pitta, em maio. A prefeitura diz que negociou as indicações com o PL, partido de Maria Helena, como forma de composição política.
O novo indício de que a vereadora pode ser a responsável direta pela indicação é a cópia xerox de um ofício interno da prefeitura, encontrada entre os documentos pessoais da vereadora durante busca e apreensão em sua casa.
No documento, datado de junho, o então superintendente do Serviço Funerário Municipal, José Vasconcelos Cunha, pede ao secretário de Governo, Carlos Augusto Meinberg, que nomeie três pessoas para cargos de direção.
Os indicados são Almir Pinto, Carlos Alberto de Oliveira Dória e Joaquim Ferreira Neto -todos ligados a Maria Helena. Pinto, por exemplo, foi seu chefe de gabinete. Os três assumiram efetivamente os cargos, mas foram demitidos dois dias depois de a vereadora ser acusada de envolvimento em um caso de extorsão.
A polícia quer saber por que Maria Helena tinha cópia dessa comunicação interna da prefeitura guardada em sua casa, se alega que não teve nenhuma participação direta na indicação.
Os votos da vereadora do Partido Liberal no caso do impeachment também são coerentes com a versão contada pela ex-assessora Alessandra Garcia.
Maria Helena tinha votado a favor do processo de cassação do prefeito na comissão que analisava o caso. Quando votou no plenário -na abertura efetiva do processo de impeachment-, mudou de opinião.

Outro lado
O secretário Meinberg, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, nega que tenha negociado cargos com Maria Helena. Ele disse que essa negociação foi feita com o presidente estadual do PL, Marcos Cintra.
Essa negociação envolveria apenas apoio político e não há, segundo Meinberg, relação alguma com o processo de impeachment.
A Folha procurou ontem o presidente estadual do PL, mas ele não respondeu ao recado deixado com sua assessoria de imprensa.
O advogado de Maria Helena, Nadir Tarabori, diz que apenas a vereadora pode comentar o assunto, mas ela também não respondeu à ligação feita pela reportagem até as 20h de ontem.


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