São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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Policiais não foram incluídos em grupo de trabalho

da Sucursal do Rio

O governador Anthony Garotinho deixou integrantes da Polícia Civil e da Polícia Militar de fora do grupo de trabalho que criou para implantar novos modelos de estatísticas policiais.
A comissão tem 12 membros. Há sociólogos, antropólogos e até um engenheiro elétrico e um médico. Nenhum policial está no grupo.
A ausência de policiais surpreendeu as corporações. Pedro Paulo Pinho, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil, desabafou.
"É lamentável que o governo não reconheça nos quadros policiais valores capazes de compor uma comissão desse porte. Desse jeito, a gente deveria fechar as portas", afirmou.
A presença na comissão do engenheiro elétrico Marcos da Silveira, da PUC (Pontifícia Universidade Católica), levou o inspetor Cláudio Cruz, do Núcleo de Defesa do Policial Civil, a fazer uma comparação irônica.
"Botar um engenheiro elétrico nessa comissão é a mesma coisa que me botarem para mexer na fiação de uma obra. Ninguém entende mais de segurança do que o policial", disse Cruz.
Segundo o inspetor, os policiais têm condições de apresentar sugestões para os novos critérios estatísticos da Secretaria Estadual de Segurança Pública. "O policial pode mostrar o que está errado, mas ele é vítima do descrédito dos governos. É difícil trabalhar nesse Camboja, e ainda ser chamado de ladrão. Só temos o chicote. Não temos uma mão que afague."
Mediadora da comissão, junto com o antropólogo Luiz Eduardo Soares, subsecretário de Cidadania e Pesquisa da Secretaria de Segurança, a antropóloga Jacqueline Muniz, diretora de Pesquisa e Projetos da secretaria, diz que o grupo tem "competência técnico-científica" para formular os novos critérios.
O convite para participar da comissão partiu do próprio governador, que fez contatos com universidades e institutos.
"O critério dos convites foi o do notório saber. É um grupo de notáveis do mundo acadêmico, que prepara uma concepção teórico-metodológica de levantamento de índices", afirmou a antropóloga.
Há mais dois engenheiros na comissão: Isnard Martins (de sistemas), da PUC, e Domício Proença Júnior (de produção), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O sanitarista Eduardo Costa, ex-secretário estadual de Saúde, é outro integrante da comissão.
Integram ainda o grupo os sociólogos Ignácio Canno, da UFF (Universidade Federal Fluminense), e José Augusto Rodrigues, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o antropólogo Roberto Kant de Lima (UFF) e o matemático Paulo César de Carvalho. O IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é representado na comissão pela consultora Yolanda Catão. Também integra o grupo o economista Galeno Tinoco Ferraz Filho (UFRJ). (ST)




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