São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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CÉSIO

Acidente em Goiânia completa 15 anos neste mês

Ministério Público aponta falhas na remoção do material radioativo

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA

Quinze anos após o acidente com a cápsula de césio 137 em Goiânia, novas denúncias do Ministério Público de Goiás apontam para falhas durante o processo de remoção e fiscalização do material radiativo, o que pode ampliar ainda mais o número real de pessoas contaminadas.
Ocorrido em setembro de 1987, o acidente provocou a morte de quatro pessoas e a contaminação direta de 249.
O caso volta à tona menos de quatro meses após a assinatura de um acordo firmado pela Promotoria com o governo estadual reconhecendo 417 servidores públicos expostos à radiação, além das 624 vítimas que já tinham assegurados os direitos à pensão.
Com as investigações, o promotor Marcus Ferreira Alves, responsável pelo inquérito, pretende estender o reconhecimento aos cerca de cem trabalhadores contratados pela Cnen (Comissão Nacional de Energia Nuclear) na época para o recolhimento dos dejetos e monitoramento do depósito em Abadia de Goiás.
Segundo Alves, o governo estadual e a Cnen demoraram pelo menos 15 dias para fazer o isolamento da área. Nesse período, de acordo com ele, "é impossível calcular o número de pessoas que circularam pelo local e podem ter sido contaminadas".
O coordenador de projetos especiais da Cnen, Alfredo Tranjan Júnior, nega as irregularidades. "No dia 29 de setembro, quando foi informada sobre o acidente, a Cnen foi ao local e fez o isolamento naquela madrugada."

Legislação
Para o professor de direito ambiental da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e presidente da Sociedade Brasileira de Direito do Meio Ambiente, Paulo Affonso Leme Machado, a legislação brasileira sobre segurança nuclear ainda é deficiente.
A lei nš 10.308, sancionada pelo governo federal em novembro do ano passado, de acordo com Machado, "contraria as convenções internacionais previamente aceitas pelo governo brasileiro".
Segundo ele, o principal problema da legislação é tornar a Cnen responsável tanto pela construção quanto pela fiscalização dos depósitos nucleares. "O órgão que opera não pode ser o mesmo que fiscaliza."


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