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CÉSIO
Acidente em Goiânia completa 15 anos neste mês
Ministério Público aponta falhas na remoção do material radioativo
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Quinze anos após o acidente
com a cápsula de césio 137 em
Goiânia, novas denúncias do Ministério Público de Goiás apontam para falhas durante o processo de remoção e fiscalização do
material radiativo, o que pode
ampliar ainda mais o número real
de pessoas contaminadas.
Ocorrido em setembro de 1987,
o acidente provocou a morte de
quatro pessoas e a contaminação
direta de 249.
O caso volta à tona menos de
quatro meses após a assinatura de
um acordo firmado pela Promotoria com o governo estadual reconhecendo 417 servidores públicos expostos à radiação, além das
624 vítimas que já tinham assegurados os direitos à pensão.
Com as investigações, o promotor Marcus Ferreira Alves, responsável pelo inquérito, pretende
estender o reconhecimento aos
cerca de cem trabalhadores contratados pela Cnen (Comissão
Nacional de Energia Nuclear) na
época para o recolhimento dos
dejetos e monitoramento do depósito em Abadia de Goiás.
Segundo Alves, o governo estadual e a Cnen demoraram pelo
menos 15 dias para fazer o isolamento da área. Nesse período, de
acordo com ele, "é impossível calcular o número de pessoas que
circularam pelo local e podem ter
sido contaminadas".
O coordenador de projetos especiais da Cnen, Alfredo Tranjan
Júnior, nega as irregularidades.
"No dia 29 de setembro, quando
foi informada sobre o acidente, a
Cnen foi ao local e fez o isolamento naquela madrugada."
Legislação
Para o professor de direito ambiental da Unesp (Universidade
Estadual de São Paulo) e presidente da Sociedade Brasileira de
Direito do Meio Ambiente, Paulo
Affonso Leme Machado, a legislação brasileira sobre segurança nuclear ainda é deficiente.
A lei nš 10.308, sancionada pelo
governo federal em novembro do
ano passado, de acordo com Machado, "contraria as convenções
internacionais previamente aceitas pelo governo brasileiro".
Segundo ele, o principal problema da legislação é tornar a Cnen
responsável tanto pela construção quanto pela fiscalização dos
depósitos nucleares. "O órgão
que opera não pode ser o mesmo
que fiscaliza."
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