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Ministro da Saúde quer desonerar remédio nacional
"PAC da Saúde" prevê reduzir a importação e estimular a produção no país
Medicamentos para hipertensão, diabetes e colesterol estão entre
os primeiros a serem beneficiados pelo governo
LEANDRA PERES
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os medicamentos para hipertensão, diabetes e colesterol
estão entre os primeiros a serem beneficiados pela decisão
do governo de reduzir a importação e estimular a produção
nacional no setor. Os incentivos estarão no "PAC da Saúde",
pacote de medidas que será
anunciado até o final deste mês.
Entre os equipamentos que
também serão beneficiados, estão aparelhos de ultra-som,
raio-X, marcapassos e catéteres. A produção de vacinas e de
hemoderivados também é uma
das prioridades do governo.
O incentivo aos produtores
nacionais desses medicamentos inclui a garantia de que o
Ministério da Saúde comprará
o que for fabricado. O valor, porém, dependerá da capacidade
de oferta da indústria.
Além disso, o ministro José
Gomes Temporão negocia com
a área econômica redução nos
tributos e aumento nas alíquotas de importação para que a
versão nacional seja competitiva quando comparada ao preço
da importada. O BNDES também deverá ampliar o financiamento a esses setores.
"O desenvolvimento de um
complexo industrial da saúde
no Brasil exige um tripé que
reúne tributos, política industrial e financiamento. Sem isso,
a conta não fecha", disse ele.
A medida não deve ter impacto imediato sobre o preço de
medicamentos ou exames, já
que o objetivo do governo é
usar os valores já pagos nas importações como referência para as compras no mercado interno. "A indústria nacional terá que ser competitiva."
A médio e longo prazo, porém, há expectativa de que elas
reduzam os preços atuais.
Para que isso ocorra, Carlos
Gadelha, vice-presidente da
Fundação Oswaldo Cruz, sugeriu ao ministro que o governo
exija das empresas beneficiadas o compromisso de cortar
preços.
Sem patentes
Segundo Temporão, o ministério gasta hoje R$ 5 bilhões
com a compra de medicamentos todo ano -62,6%, de acordo
com a pasta, são adquiridos de
laboratórios estrangeiros. Desse total, entre R$ 1 bilhão e R$
1,5 bilhão são aquisições que
não são protegidas por patentes e, portanto, poderiam ser
fabricadas no Brasil.
O ministro cita a compra de
marcapassos. Todo ano o SUS
importa 22 mil unidades, mas a
tecnologia de fabricação é de
domínio público. Já no caso de
hemoderivados, usados no tratamento de anemia e hemofilia,
o país depende integralmente
de produtos externos.
As importações de medicamentos e equipamentos superam em US$ 5 bilhões por ano
as exportações, sendo que 30%
desse déficit é de aquisições feitas de países em desenvolvimento, como Índia e China.
O objetivo do governo é reduzir essa diferença, mas não eliminá-la. Temporão explica que
haverá sempre a necessidade
de comprar fora do país medicamentos protegidos por patentes, por exemplo, ou novos
equipamentos.
Para escolher que setores receberão apoio no PAC, o ministério diz ter três critérios: aqueles ligados a doenças que mais
matam no país; onde as despesas do governo são mais elevadas; e os setores em que já existe alguma produção nacional.
Segundo o pesquisador do
Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) João Alberto de Negri, o incentivo pelo
poder de compra do Estado foi
usado em outros países para
ampliar a indústria local.
"A questão é fazer a mediação entre a capacidade de produzir e a capacidade de atender
ao público. Tem que pensar se a
produção local vai atender de
forma eficiente a população."
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