São Paulo, sexta-feira, 14 de setembro de 2007

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Novo plástico, com decomposição mais rápida que o comum, divide opiniões

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

As soluções para minimizar os impactos que os sacos plásticos causam ao ambiente dividem especialistas e, em vários Estados, têm colocado em lados opostos os que defendem a utilização de um novo tipo de plástico fabricado com um aditivo que acelera sua decomposição e os que entendem que essa solução também causa estragos ao ambiente.
O governo de São Paulo vetou, em julho, um projeto de lei do deputado estadual Sebastião Almeida (PT) que obrigava comerciantes a adotar sacolas plásticas de mais rápida decomposição -oxibiodegradáveis. No Paraná e no Rio Grande do Sul, as Assembléias Legislativas discutem a aprovação de projetos de mesmo teor.
Em São Paulo, a principal razão apresentada pela Secretaria do Meio Ambiente para o veto à exigência do plástico oxibiodegradável foi que ele é produzido com aditivos químicos que contaminariam o solo e as águas -tese com a qual os defensores do produto não concordam. Para a secretaria, melhor seria esperar a produção de plásticos produzidos a partir do milho ou da cana-de-açúcar.
Tanto o plástico oxibiodegradável quanto o produzido a partir do milho ou da cana -chamados de biodegradáveis- têm decomposição muito mais rápida do que os hoje utilizados. O plástico comum leva pelo menos cem anos para se decompor -os oxibiodegradáveis, de 18 meses a três anos. A principal diferença entre os dois é que, no caso do oxibiodegradável, ele é comumente produzido a partir de derivados do petróleo. No caso dos biodegradáveis, são fontes renováveis de energia, menos poluentes.
"O melhor seria não usar plástico, não importa se é o usual ou o degradável", diz Sabetai Calderoni, do Instituto Brasil Ambiente. O ambientalista cita experiências feitas nos EUA e na Suíça de desestímulo ao uso do plástico em troca de sacolas de lona ou pano.
O pesquisador do Instituto de Mudanças Globais da Coppe/UFRJ, Luciano Basto, pondera que ainda não há substituto para o plástico, seja ele degradável ou não, no que diz respeito ao lixo doméstico.
"Hoje, acho improvável que alguém deixe de usar lixeira sem saco de plástico. Acho que a grande discussão seria como é possível gerar menos lixo. Para isso, é preciso rever nosso padrão de consumo. É como se resolvêssemos o problema da unha encravada. É importante fazer isso, mas o problema continua sendo o sapato que usamos, e não a unha."


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