São Paulo, segunda-feira, 14 de setembro de 2009

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Agentes vetam visita a presos após morte de colega em Salvador

Polícia investiga relação de assassinato de agente penitenciário com a onda de atentados da semana passada na capital baiana

Funcionários do complexo da Mata Escura decidiram proibir também a saída dos presos ao pátio; revoltados, 400 familiares protestaram

Marco Aurélio Martins/Agência "A Tarde"
Confusão em protesto de parentes de presos, que não puderam entrar no presídio para a visita

MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

O assassinato de um agente penitenciário em Salvador causou revolta entre profissionais da categoria, que decidiram ontem proibir visitas aos detentos da colônia penal Lafayete Coutinho e do complexo penitenciário da Mata Escura, onde surgiu a facção criminosa apontada como autora dos recentes ataques na cidade.
A polícia investiga a relação entre a morte do agente e a onda de atentados da semana passada, que já deixou dez suspeitos mortos, quatro policiais e sete civis feridos, além de 16 ônibus e nove postos da PM destruídos na capital baiana.
O crime ocorreu na tarde de anteontem, no bairro de Cidade Nova, na periferia. Segundo a polícia, o agente Marival Ferreira Matos, 50, foi morto a tiros por três homens a poucos metros de sua casa. Os disparos acertaram a cabeça e o tórax do agente. Ele foi levado com vida a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.
Os agentes do complexo penitenciário da Mata Escura, onde Matos trabalhava, decidiram proibir, além das visitas, a saída dos presos ao pátio. Revoltados, 400 familiares fecharam a rua em frente ao local.
O protesto foi encerrado após uma conversa entre o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, Nelson Pellegrino, e os agentes. Ainda assim, as visitas não foram feitas por "questões de logística".
Segundo o governo, os ataques fazem parte de uma represália pela transferência do traficante Cláudio Campanha para um presídio federal em Campo Grande (MS). Ele é apontado como líder da facção criminosa Comissão da Paz, suspeita de promover os ataques.
Na quinta, outros 14 presos foram transferidos para o presídio federal de Catanduvas (PR). Segundo investigações da polícia, eles coordenavam os ataques através de celulares e mensagens transmitidas por visitas. A medida, entretanto, não foi suficiente para impedir mais atentados e confrontos.
A polícia baiana anunciou ontem que prendeu mais cinco suspeitos de terem participado dos ataques a ônibus e postos da Polícia Militar. Até agora, 24 pessoas foram detidas.

Lavagem de dinheiro
O governo de Jaques Wagner (PT) decidiu aprofundar as investigações contra as facções criminosas que controlam o tráfico de drogas no Estado.
Um laboratório especializado em combate à lavagem de dinheiro será inaugurado dentro de um mês.
A estrutura contará com um software capaz de cruzar dados financeiros de outras investigações com informações de empresas, bancos de dados e contas bancárias.
O investimento será de R$ 2,1 milhões, sendo R$ 681 mil oriundos do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania), do Ministério da Justiça.

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