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Temporários chegam a 46% dos professores em SP
Meta do governo Serra era que índice caísse para 10% até 2013, mas taxa cresceu
Para pesquisadores, isso tem impacto direto na qualidade do ensino, já que temporários
não se fixam nas escolas
FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO
O número de professores
temporários na rede estadual
de São Paulo chegou neste
ano a 46% do total, a maior
proporção desde 2005.
No ano passado, o então
governo de José Serra
(PSDB), hoje candidato à Presidência, anunciou como
meta diminuir a taxa para
10% em quatro anos. Àquela
época, o número era 42,4%.
Os dados são da própria
Secretaria da Educação. Em
números absolutos, são hoje
101 mil não efetivos. Um concurso público com 10 mil vagas foi feito em março, mas
os aprovados só começarão a
trabalhar no ano que vem.
Pesquisadores afirmam
que o contingente de temporários tem impacto direto na
qualidade de ensino, uma
vez que eles tendem a ter
uma rotatividade maior nos
colégios -os temporários só
podem escolher suas escolas
depois que todos os concursados já fizeram suas opções.
Os 46% de não efetivos em
SP são mais que o dobro da
média nacional e superior à
Prefeitura de SP (7%).
"A dificuldade quando se
troca de escola é que os alunos não conhecem meu jeito
e ritmo e eu também não conheço o deles. Essa fase leva
tempo", diz o professor temporário de ciências Vinicius
Vasconsellos, 24, que, em
seis anos de rede estadual, já
lecionou em nove escolas.
A Secretaria da Educação
diz que trabalha para diminuir o número de não efetivos -fez dois concursos desde 2007-, mas que, "apesar
dos esforços, ainda ocorrem
saídas de efetivos [licenças e
afastamentos], que são repostas com os temporários".
FALTA DE INVESTIMENTO
Educadores ouvidos pela
Folha afirmam que o Estado
já poderia ter diminuído o
contingente de temporários.
"Com um mínimo de planejamento, você sabe quantos professores vão se aposentar ou sair da rede e pode
planejar concursos", diz Ocimar Alavarse, pesquisador
da Faculdade de Educação
da USP e ex-membro da Secretaria da Educação na gestão Gilberto Kassab (DEM)
na prefeitura da capital.
Para Alavarse, há a possibilidade de o Estado não acelerar os concursos porque
conta com a continuidade da
transferência de parte da rede a municípios. "Mas o processo é lento e não há garantias de que vá se efetivar."
Para o presidente da Udemo (entidade que representa
os diretores de escolas), Luiz
Gonzaga Pinto, "o Estado só
quer saber de economizar".
Segundo ele, o temporário
custa 15% a menos, por não
ter alguns benefícios.
Colaborou RAPHAEL MARCHIORI
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