São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2000

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15 menores ficam feridos durante rebelião de oito horas na Febem

ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Pelo menos 15 menores e dez funcionários ficaram feridos em rebelião ocorrida ontem na unidade da Febem de São José do Rio Preto ( 451 km de São Paulo).
A revolta dos 41 internos, armados com paus e estiletes improvisados, durou cerca de oito horas, foi a mais longa da unidade e só foi controlada às 17h, após a entrada de cerca de 60 monitores e agentes de segurança.
Após a entrada dos agentes, houve quebra-quebra e confronto durante vinte minutos. O funcionário Flávio Tanaka, com hemorragia no ouvido em decorrência de uma "cadeirada", foi internado na Santa Casa. Nenhum menor foi transferido para hospitais.
O diretor da unidade, Luciano Caccia, não deu declarações até o fechamento desta edição. Advogado de Catanduva, Caccia assumiu o cargo há dez dias e já enfrentou duas rebeliões e dez fugas nesse período.
Os 20 funcionários da Febem de Rio Preto tiveram o reforço de 27 agentes da unidade do Tatuapé (SP) e outros de Araçatuba e Ribeirão Preto. No final da rebelião, os funcionários apresentaram à imprensa centenas de pedaços de paus, estiletes, pedaços de metal de cadeiras, vidros e até um rastelo que teriam sido apreendidos com os menores durante revista. Os jornalistas foram impedidos de entrar no prédio.
Adalberto Carlos da Silva, 37, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência ao Menor e à Família do Estado de São Paulo, disse que a revolta foi causada pela omissão da Promotoria e da Justiça da Infância e Juventude de Rio Preto.
O juiz Osni Assis Pereira e o promotor Claudio dos Santos Morais não foram encontrados pela reportagem ontem.
"Há cinco meses estamos denunciando o clima de violência na unidade. Os funcionários e os meninos mais fracos correm risco", disse Silva.
Pela manhã, os funcionários se recusaram a entrar no prédio e pediram a intervenção da Polícia Militar para desarmar os menores. O pedido não foi aceito.
Segundo o diretor do sindicato, os adolescentes mais violentos devem ser transferidos nos próximos dias. A Febem da cidade foi inaugurada no ano passado como unidade-modelo. A idéia era ser uma espécie de comunidade terapêutica dirigida por um padre que abrigasse apenas menores da região que fossem primários ou usuários de drogas.


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