São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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EDUCAÇÃO

Desafio atual é a fusão das escolas Logos, Mater Dei e Bem Me Quer, que resultará no Colégio Cidade de São Paulo

11 colégios negociam fusões em segredo

Cristiana Castello Branco/Folha Imagem
As amigas Nina Capello, Paola Monteiro, Luiza Ramos, Paola Trombetti, Mariana El-Kadri e Bruna Raphaelli, que vão se separar com a fusão


DA REPORTAGEM LOCAL

Onze escolas de São Paulo estão negociando suas fusões ainda em segredo. Quatro delas vão se fundir em duplas, outras três formarão uma única escola. Pais, alunos e professores ainda não sabem disso. A Corus Consultores, que assessora as negociações, não está autorizada a informar o nome das instituições.
Os especialistas em fusão de escola -uma nova modalidade no mercado- lembram que mais sensatas e racionais são as instituições que já estão tomando a iniciativa da fusão.
Na avaliação desses especialistas, pior seria simplesmente anunciar o fechamento, ou disfarçar a falência deixando de fazer investimentos.
As escolas que se fundiram não estariam arrependidas. A Oswald-Caravelas, juntas há dois anos, já teriam superado o trauma da fusão, segundo Eugênio Cordaro, da Corus Consultores, que assessorou a parceria.
O desafio atual e em curso é a fusão das escolas Logos, Mater Dei e Bem Me Quer, que resultará no já anunciado Colégio Cidade de São Paulo. Logos e Mater Dei têm 27 e 40 anos, respectivamente, e estilos pedagógicos bastante diferentes.
Nas rodas de estudante, o Logos é carimbado de "socialista, petista e bicho-grilo". Os alunos do Mater Dei são "patricinhas, mauricinhos e malufistas".
Não é bem assim, dizem seus diretores. Nas eleições realizadas entre os alunos, Lula ganhou no Logos e Serra no Mater Dei. "Maluf teve menos de 5%", diz Sylvio Gomide, diretor do Mater Dei.
As diferenças podem ser menores, mas existem. No entender dos diretores, só trarão benefícios. "O interessante é poder lidar com essa diversidade. O Logos sempre trabalhou com a heterogeneidade", diz Anny de Paula Medeiros Cestari, diretora do colégio.
O Logos sempre se caracterizou por filhos de profissionais liberais, professores universitários, jornalistas e artistas. Mas já teve entre seus alunos as duas filhas do empresário Abílio Diniz e, mais recentemente, a filha do "segundo homem do PT", José Dirceu.
Tal combinação, de certa forma, antecipou a convivência entre capital e trabalho, pregada na chapa petista favorita para essas eleições presidenciais. "O país está apontando para uma convivência das diversidades", diz Anny.
Para Sylvio Gomide, do Mater Dei, três é melhor que um. Coordenadores das três escolas estão trabalhando juntos para pegar o que há de melhor em cada uma e formatar um projeto que seja melhor para todos.
O sobrenome Logos, que se firmou com uma pedagogia construtivista, chegou a ter sete classes de ensino médio recebendo alunos dos melhores colégios. Ia tão bem que em 1989 abriu o ensino fundamental e em 1995 comprou a escola Soma, de educação infantil, também na capital paulista.

Escolas judaicas
Outra fusão importante deve ocorrer entre as escolas judaicas. Desde setembro, os colégios Bialik, Renascença e I.L. Perez vêm intensificando reuniões e estudos sobre a unificação. O objetivo é aumentar a competitividade e fortalecer a educação judaica.
"Já que a comunidade é pequena, a idéia é fazer uma grande escola, com um nome só, uma sede só, aumentando a qualidade do ensino em todos os aspectos. É um projeto mega", afirma Thaís Berger Roitman, que é do grupo de mães e mantenedoras do colégio Bialik.
As envolvidas no processo de fusão estão entre as cinco principais instituições de ensino da comunidade. Se confirmada, a fusão envolverá 2.800 alunos dos cerca de 5.000 matriculados em escolas judaicas, que representam menos de 30% dos estudantes judeus de São Paulo.
A confirmação oficial da fusão ainda depende de consultas aos pais dos três colégios. No último dia 9, em assembléia extraordinária, a maioria dos pais de alunos do Renascença aprovou a unificação. Foram 440 votos favoráveis, 23 contrários e 55 abstenções.
(AURELIANO BIANCARELLI)

Colaborou Heloisa Helvetia, free-lance para a Folha

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