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Donos pedem menos impostos
DA REPORTAGEM LOCAL
Sindicato e donos de escolas estão pedindo ao governo uma redução da carga tributária para
evitar a falência de parte das instituições. Eles lembram que o governo socorreu os bancos com o
Proer (programa de reestruturação do sistema financeiro) e deu
às empresas aéreas um empurrão
de R$ 1 bilhão. Imaginam que o
governo deveria ter cuidados especiais com a educação.
"O que as escolas reivindicam
são impostos mais justos", afirma
Eugênio Cordaro, da Corus Consultores, que atua em sintonia
com as escolas e o sindicato.
Pelos seus cálculos, as escolas já
teriam bom fôlego se fossem tratadas como clubes de futebol, que,
de acordo com ele, recolhem 5%
de impostos sobre a receita.
Segundo José Augusto Lourenço, do sindicato das escolas particulares, instituições não-filantrópicas arcam com 38,5% de tributos. Só quem arrecada menos de
R$ 1,2 milhão por ano se beneficia
do Simples (sistema simplificado
de pagamento de impostos), onde
a taxa varia de 4% a 8%.
Um benefício fiscal talvez acertasse o balanço de muitas escolas,
mas não reduziria as mensalidades. Apesar da ociosidade das
classes, as escolas, segundo o sindicato, estão trabalhando com
reajuste de 8% a 10% para o próximo ano. Continuariam tão caras
como sempre foram, como o Ministério da Educação (MEC) já
considerou mais de uma vez.
Há quem atribua a crise das escolas privadas a uma ganância
nos anos 80 e 90, que elevou a
mensalidade a níveis acima dos
compatíveis com o da clientela.
Na classe média, o gasto com educação se equipara ao da habitação
(cerca de 30%). Para quem tem
dois ou três filhos, escola particular sempre foi item estrangulador.
Mas nem todos seguem o mercado. Em Campinas (SP), a professora Áurea Sigrist de Toledo
Piza e o marido abriram a própria
escola, a Lumen Verbi. Cobram
R$ 400 por período integral. "É
um valor de referência, que permite fazer todos os investimentos
e manter um nível pedagógico de
excelência. Por enquanto, muitos
pais estão pagando o que podem." Com o período integral, a
escola incorpora os principais
conceitos do Ginásio Vocacional,
experiência dos anos 60 considerada referência e da qual Áurea foi
uma das coordenadoras.
Para as autoridades da educação, ao Estado compete fiscalizar
se as escolas particulares estão
obedecendo as normas do Conselho Nacional de Educação e a Lei
de Diretrizes e Bases. "Nem o
MEC nem as secretarias estaduais
tem ingerência sobre os negócios
e a contabilidade das escolas particulares", diz Maria Beatriz Gomes da Silva, diretora de ensino
médio do ministério. "A função
do Estado é continuar oferecendo
ensino público gratuito e ampliando o número de vagas."
Segundo a Secretaria da Educação, os investimentos passaram
de R$ 2,5 bilhões em 1994 para R$
7,5 bilhões neste ano.
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