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Alunos temem perder amigos
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Sentadas em roda, alunas da
sexta série do ensino fundamental
do Logos contam que a fusão da
escola com outras duas instituições da zona sul de São Paulo
-Mater Dei e Bem Me Quer-
terá efeito inverso: será sentida
como separação. "As escolas vão
se unir. Mas nós vamos nos separar", afirma Nina Cappello, 12.
Nina e as colegas Paola Trombetti, Luiza Giandaia, Paola Monteiro, Mariana El-Kadri e Bruna
Raphaelli, elogiam o Logos e lamentam o fim da escola. Somente
uma das meninas diz que irá para
o Cidade de São Paulo.
Elas temem que, na nova escola,
percam direitos que têm no Logos, como poder correr, brincar e
aprender sem decorar as coisas.
"Eles dizem que vão conservar o
método [de ensino", mas não dá
para saber", declara Mariana, 12.
Entre as vantagens do método
do Logos, elas destacam o fato de
sempre terem sido incentivadas a
dizer o que pensam. Agora, reclamam do modo como a fusão foi
anunciada e mostram que aprenderam direitinho a lição. "Eles
avisaram tarde. Muitos colégios já
não têm mais vagas para o ano
que vem", diz Mariana.
"Estávamos voltando de uma
viagem e avisaram como se fosse
uma tragédia. Todo mundo veio
chorando no ônibus", diz Nina.
"Muita gente vai ficar sem emprego. Na minha classe, uma professora começou a chorar", conta
Paola Trombetti, 12. "Estudo aqui
desde os sete anos. Minha mãe
trabalha aqui e não sei pra onde
vou", declara Bruna, 13.
Em meio às reclamações, Luiza,
12, explica: "O Logos forma pessoas muito críticas." As colegas
concordam com movimentos de
cabeça. "Sempre pediram para a
gente ter opinião", diz Paola
Monteiro, 12, que entrou no Logos em junho deste ano e já se prepara para outra transferência.
"Estou triste", conta ela, antes
de pedir licença para atender ao
chamado da mãe, Marilda Monteiro, 37, que a espera no portão
da escola.
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