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Em Belém, morador é o mais "inseguro"
Em São Paulo, índice de reclamações de violência chega a 40%, o que rende à capital paulista o sexto lugar no ranking
Gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares explica que dado recebe influência de fatos pontuais, como repercussão de crime
DA SUCURSAL DO RIO
A Pesquisa de Orçamentos
Familiares do IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que são
os moradores da região metropolitana de Belém os que mais
reclamaram, no ano da pesquisa (2003), de violência ou vandalismo em sua área de residência, com 60% de famílias fazendo essa queixa.
Apesar de o Estado liderar as
estatísticas de homicídio no
Brasil, os moradores da região
metropolitana do Rio não foram os que mais reclamaram
na lista de nove regiões metropolitanas comparadas (39% se
queixaram de violência ou vandalismo). O menor percentual
foi verificado na região metropolitana de Salvador (37%).
Em São Paulo, as reclamações de violência atingiram
40% dos entrevistados -o sexto lugar no ranking.
Quesito influenciável
Edilson Nascimento da Silva,
gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares, explica
que, por se tratar de uma percepção da violência, esse quesito é muito influenciado por alguns fatos pontuais.
"Na época em que os pesquisadores foram a campo em Belém, por exemplo, a mídia poderia estar repercutindo algum
grande crime e isso influencia a
pesquisa", afirmou o gerente da
POF. "Se fosse feita a mesma
pesquisa no Rio em momentos
de crise, o percentual certamente seria maior."
O sociólogo David Morais, do
Núcleo de Estudos sobre Segurança e Política Criminal, da
Universidade Candido Mendes, e autor de estudos sobre a
percepção de violência, também lembra que as notícias sobre violência influenciam a
percepção das pessoas e acabam criando a sensação de que
algumas áreas ou cidades são
mais violentas do que outras.
"Uma violência sofrida por
uma criança num bairro de
maior poder aquisitivo tende a
ter mais estardalhaço na imprensa do que qualquer assassinato em áreas [com moradores] de baixa renda", afirmou.
"Isso deixa nas pessoas o medo
de sofrer também essa violência. É por isso também que algumas cidades pegam mais do
que outras a pecha de serem
perigosas", diz Morais.
Barulho no vizinho
O padrão apontado pela POF
-mais ricos reclamando mais
das condições de moradia- foi
observado também quando se
perguntou sobre a presença de
vizinhos muito barulhentos ou
da existência de poluição e outros problemas ambientais.
No caso do barulho, nas famílias com gastos menores que R$
400, o percentual dos que reclamaram foi de 18%, enquanto
entre os mais ricos (despesas
superiores a R$ 4.000 mensais)
esse percentual chega a 32%.
Quando se trata de poluição ou
de problemas ambientais, os
percentuais variaram entre essas mesmas faixas socieconômicas de 15% para 27%.
O sociólogo David Morais, da
Candido Mendes, explica:
"Quando você tem mais poder
aquisitivo, vai buscar mais
tranqüilidade e qualidade de vida. Com isso, tende a reclamar
mais de todo elemento que coloque em risco isso".
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