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Especialistas cobram agilidade do Judiciário
DA REPORTAGEM LOCAL
Segundo especialistas, a falta
de vagas do sistema penitenciário -em São Paulo e no Brasil-
está diretamente relacionada
ao excesso de presos provisórios que aguardam julgamento
nas prisões, enquanto poderiam aguardar em liberdade, e à
demora na concessão de progressões de regime.
Outros fatores que deterioram o sistema prisional são a
falta de aplicação de penas alternativas, a morosidade do Judiciário e a falta de estrutura do
Executivo para garantir a aplicação das penas alternativas.
Matheus Guimarães Cury,
presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária
da OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) em São Paulo, considera que parte dos presos provisórios, como os sem antecedentes criminais, poderiam
aguardar o julgamento soltos.
"Os processos não andam e
os pedidos de liberdade provisória demoram para ser analisados. Esses presos não precisavam estar nos presídios", diz.
São Paulo tinha 43.862 presos
provisórios em junho, cerca de
30% do total, segundo o Depen
(Departamento Penitenciário
Nacional).
Um estudo da Pastoral Carcerária Cristã realizado neste
ano com 2.400 presas da Penitenciária Feminina de Sant'ana
(zona norte de SP) mostrou que
274 cumpriam pena por crimes
considerados de menor gravidade e tinham o direito a progredir do regime fechado para o
semi-aberto, por exemplo.
"Existe falha do Judiciário em
não fazer com que as pessoas
progridam de regime", diz Valdir João Silveira, 55, padre que
atua na Pastoral Carcerária.
A falta de concessão de penas
alternativas também é questionada. "Essa é uma das principais reclamações dos diretores
de presídios. Presos por crimes
menores convivem com outros
criminosos sem necessidade",
afirma Cury. Segundo o Departamento de Reintegração Social Penitenciário de SP, a reincidência de presos que cumprem penas alternativas é de
4,7%, contra quase 60% dos
que estão fechados.
Para Mauricio Zanoide de
Moraes, professor de Direito
Penal da USP, os juízes muitas
vezes não se sentem seguros
para aplicar a pena substitutiva, uma vez que faltam órgãos
do poder Executivo para fiscalizar o cumprimento delas. "O
Estado precisa aumentar o número de varas especializadas
em penas substitutivas".
Para Moraes, construir novos presídios não é a solução. O
Judiciário deve agilizar os processos e os pedidos de progressão de regime. "A progressão é
necessária para readaptar a
pessoa ao convívio social.
Quando o Estado reconhecer
os direitos das pessoas de maneira mais rápida, não serão
necessárias tantas vagas."
(BRUNA SANIELE E ANDRÉ CARAMANTE)
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