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ANÁLISE
Necessária, revisão requer transparência
CLAUDIA DE CESARE
MARTIM O. SMOLKA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em contextos dinâmicos como o da cidade de São Paulo,
com fortes intervenções urbanas e alterações na ocupação do
solo, é boa prática a atualização
frequente da planta de valor para assegurar equidade e eficiência na arrecadação do IPTU.
Uma das principais fontes de
injustiça tributária, aliada a
problemas de omissões cadastrais de áreas de terrenos ou
edificações, é o uso de avaliações desatualizadas para fins de
lançamento do IPTU.
O IPTU pode ser entendido,
na essência, como uma taxa pelo uso dos atributos oferecidos
(acessibilidade, vizinhança, serviços públicos etc), que se refletem no valor dos imóveis.
O valor é afetado por fatores
externos, como intervenções de
terceiros, públicos ou privados:
uma área é inundada pela água
que escoa de outras áreas; uma
estação de metrô dá acesso mais
rápido ao trabalho etc.
É isso que justifica a permanente atualização das plantas
genéricas de valor para que cada
um contribua na proporção dos
benefícios (ou prejuízos) conferidos pela cidade.
Assim, áreas ou tipos de imóvel com valorização imobiliária
acentuada e que continuam tributados com base em valores
desatualizados são beneficiados. Esse "benefício fiscal" (desmerecido) é transferido aos demais imóveis, que pagam mais
proporcionalmente do que deveriam -caso de regiões que sofrem desvalorização.
Seja qual for a metodologia de
avaliação, deve-se assegurar
que a acuidade das avaliações
do valor venal dos imóveis seja
diferenciada, especialmente para os residenciais. Mas, apesar
da precisão das estimativas de
valor, se a reavaliação gerar diferenças fortes no imposto a pagar, haverá reação por parte dos
contribuintes que forem substancialmente onerados.
Nesse caso, há que oferecer
esquemas que amenizem o impacto (parcelamentos etc.). Em
alguns países, é possível postergar o pagamento, acumulando
correção monetária e juros.
No caso de reavaliações, é boa
prática que o contribuinte seja
previamente informado sobre o
valor, método de cálculo e preços de venda de imóveis semelhantes.
Em países como EUA e
Canadá, é comum a transparência plena dos valores estimados
para os imóveis. Isso deve ser
complementado pela divulgação dos resultados e discussão
da forma como serão usados esses recursos.
Por fim, é importante perceber que a avaliação de imóveis é
uma atividade administrativa
de cunho técnico, não devendo
ser utilizada para fins de instituição da política tributária.
CLAUDIA DE CESARE é professora do Instituto
Lincoln de Políticas de Terra, de Cambridge
(EUA), e conselheira do Instituto Internacional
de Imposto Sobre a Propriedade
MARTIM O. SMOLKA é diretor do programa para a América Latina e o Caribe do Instituto Lincoln de Políticas de Terra
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