São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2011

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Restaurante irregular explode
e mata 3


Bombeiros dizem que vazamento de gás causou acidente no Rio; homem foi visto acendendo cigarro em frente ao local

Prefeitura deu alvará provisório para o comércio; impacto da explosão lançou corpos a 50 m de distância

Genilson Araújo/Agência O Globo
Vista aérea da praça Tiradentes, onde explosão em restaurante que funcionava de maneira irregular deixou três mortos

DO RIO

Uma explosão em um restaurante que funcionava de maneira irregular matou três pessoas e feriu 17 ontem pela manhã na praça Tiradentes, centro do Rio.
A hipótese é que um vazamento de gás de cozinha tenha causado o acidente.
A polícia investiga se a explosão ocorreu logo após um funcionário acender um cigarro. Testemunhas dizem que um empregado comprou um maço segundos antes e o acendeu próximo à entrada do restaurante.
A força da explosão arremessou corpos a até 50 metros de distância e provocou danos em dois prédios vizinhos. Destroços feriram pessoas a cem metros do local.
O restaurante Filé Carioca, segundo a prefeitura, tem alvará provisório. Depende da autorização de outros órgãos para ter a licença definitiva.
O prazo dado pela Prefeitura do Rio para que o estabelecimento apresentasse a documentação termina no final do mês. A explosão no edifício Riqueza, prédio comercial de 11 andares, causou o impacto de uma detonação de cinco a dez quilos de dinamite e atingiu até o sétimo andar.
Laudo do Corpo de Bombeiros, feito em 2010, proibiu a utilização de gás de cozinha ou encanado no local. A Defesa Civil afirma que o restaurante não tinha aval do órgão para funcionar. Segundo a polícia, o dono pode ser indiciado por homicídio culposo (não intencional).
Três botijões de gás de 13 kg foram encontrados. Os bombeiros procuravam ainda seis cilindros de 45 kg que estariam guardados no subsolo do prédio.

CHEIRO DE GÁS
Entre os mortos, há dois funcionários do restaurante e um bancário que estava na calçada. Três dos 17 feridos estão em estado grave. Segundo testemunhas, o cozinheiro Antônio Severino Tavares chegou ao restaurante por volta das 6h, entrou, sentiu cheiro de gás e saiu da loja. Mais tarde, disse para dois funcionários que chegaram depois se afastarem.
Um deles foi o sushiman Josimar dos Santos Barros. Ele foi à banca de jornal, conversou sobre a rodada do Brasileirão e, por volta das 7h20, voltou para frente do Filé Carioca. Ele e o cozinheiro morreram segundos depois.
O funcionário do Bradesco Matheus Macedo de Andrade, 19, que passava em frente ao local, também morreu. "Só vi poeira", disse a atendente do restaurante Michele Medeiros dos Santos, 29, que saiu do local pouco antes da explosão. O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, diz que o acúmulo de gás pode ter se agravado pelo fato de o restaurante ter ficado fechado no dia anterior.
"Qualquer fagulha poderia provocar essa explosão. Até o acender de uma lâmpada." Segundo a Defesa Civil, o prédio foi interditado, mas não há risco de desabamento. Precisa, porém, passar por reformas. Prédios vizinhos, dentre os quais o hotel Formule 1, tiveram algumas avarias, mas foram liberados.
A retirada de entulho do prédio pode durar até dois meses, pois exige remoção manual.
(DENISE MENCHEN, DIANA BRITO, ITALO NOGUEIRA, PAULA BIANCHI e RODRIGO RÖTZSCH)


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