São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2011

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Receita descobre outro contêiner com lixo hospitalar vindo dos EUA

Luvas cirúrgicas e seringas usadas estão em porto de PE; é o segundo caso nos últimos 3 dias

Mesma importadora já trouxe 6 carregamentos que não foram retidos; Receita vai investigar, agora, o conteúdo deles

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A IPOJUCA (PE)

A Receita Federal encontrou ontem mais um contêiner com lixo hospitalar importado dos EUA no porto de Suape, em Ipojuca (60 km de Recife).
Foi o segundo carregamento do tipo apreendido no local nos últimos três dias, totalizando cerca de 46 toneladas de resíduos hospitalares. A documentação dos contêineres indicava que o conteúdo era "tecido de algodão com defeito".
As caixas metálicas, porém, escondiam fardos com lençóis sujos de sangue, fronhas, batas, luvas cirúrgicas, seringas, cateteres, máscaras e gaze usados, entre outros materiais. Todo o lixo foi importado por uma mesma confecção, de Santa Cruz do Capibaribe, cidade conhecida por suas indústrias têxteis.
Segundo o inspetor-chefe da alfândega em Suape, Carlos Eduardo Oliveira, neste ano a importadora já havia trazido para Pernambuco outros seis carregamentos dos EUA, que não foram retidos na fiscalização. "Vamos investigar agora o que estava dentro deles." Os documentos mostram que os contêineres foram embarcados em datas diferentes no porto de Charleston, na Carolina do Sul. De acordo com Oliveira, a Receita investiga três hipóteses: engano no embarque do lixo, comércio ilegal de dejetos e reaproveitamento de tecidos pela indústria têxtil.
O nome da empresa responsável pela importação não foi divulgado pela Receita, que alega necessidade de manter o sigilo fiscal. Alguns lençóis exibem nomes de hospitais americanos. Para a Receita, o material pode ter sido recolhido por empresas especializadas no descarte de lixo hospitalar e enviado ao Brasil, onde as exigências para a sua eliminação seriam menores.
A primeira carga de lixo saiu no dia 12 de setembro e chegou no dia 21 a Suape. A segunda deixou os EUA em 17 de setembro e desembarcou no porto em 5 de outubro.
Ao verificar a documentação do primeiro contêiner, a Receita percebeu que estava indicado um preço cerca de 50% abaixo do parâmetro mínimo estabelecido para esse tipo de material. O segundo contêiner foi achado após uma busca motivada pela descoberta do lixo na terça.
A área onde estão os detritos está isolada. Policiais federais protegem o local. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou que vai autuar a empresa que importou o lixo, sob suspeita de crime contra a saúde pública. A importação desses resíduos é proibida por lei.


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