São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tráfico fez "mudança política", diz oficial

DA SUCURSAL DO RIO

O subsecretário de Segurança, coronel Lenine de Freitas, afirmou que os traficantes de drogas fizeram uma "mudança política" em sua atuação criminosa -praticando roubos a residências, bancos e ônibus- para forçar a retirada da Polícia Militar de 18 áreas ocupadas.
"Não é só uma questão econômica, para manter a renda do tráfico, mas também política. Na política das drogas, eles estão partindo para esses delitos a fim de fazer com que o governo retire a ocupação", afirmou Freitas.
O aumento desse tipo de crime seria, segundo ele, uma reação estratégica do tráfico à ocupação da polícia.
"Eles (os traficantes) comentaram que iriam cometer uma série de delitos como estratégia para que o governo, intimidado, levantasse a ocupação. Não estou levantando hipóteses. Estou dando fatos", disse Freitas, acrescentando que a Secretaria de Segurança já tem relatórios sobre esse plano dos traficantes.
Outra passo nessa reação, segundo Freitas, é a pressão sobre moradores e líderes comunitários -inclusive com ameaças de morte- para que eles peçam a saída dos policiais.
Algumas comunidades já organizaram abaixo-assinados pedindo a saída da PM, segundo o subsecretário.

Ameaças
Ainda de acordo com Freitas, um líder comunitário afirmou que ficou com a cabeça na mira de armas e que ele foi ameaçado de ser morto caso não conseguisse "levantar" a ocupação.
Freitas disse que os casos estão sob investigação e que a Polícia Militar não irá desocupar nenhuma das áreas.
Diversificar o crime, além de servir como estratégia para pressionar a PM, também é uma questão de sobrevivência econômica. O subsecretário de Segurança do Rio afirma que os traficantes são obrigados a atuar em outras áreas que não o comércio de drogas para manter sua renda.
Em algumas comunidades, o "movimento" das drogas teria caído pela metade depois da ocupação da PM.
O subsecretário afirmou que há também um crescimento do "crime desorganizado", com pessoas que não são ligadas ao tráfico praticando assaltos a ônibus e a pedestres, por exemplo. Isso deverá ser combatido com aumento do policiamento ostensivo.
"Quero lembrar também que os índices de homicídios por 100 mil habitantes continuam caindo", afirmou Freitas.
Ele disse que o boletim de ocorrência das delegacias será modificado no ano que vem para permitir que os policiais tenham mais informações sobre os casos de homicídios.
Atualmente, não são incluídos entre homicídios casos de encontros de cadáver e mortos durante confrontos com a polícia.
(FE)


Texto Anterior: Violência: Homicídio e assalto aumentam no Rio
Próximo Texto: Central do Brasil: Restaurante "oficial" atrai 3.000
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.