São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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CENTRAL DO BRASIL
Governo Garotinho inaugura bandejão com pratos a R$ 1
Restaurante "oficial" atrai 3.000

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Primeiro almoço no Restaurante Popular Betinho, na Central do Brasil, centro do Rio


CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

Um almoço completo com arroz, feijão, bife de panela ou isca de frango, batata palha, salada, sopa de ervilha, refresco de laranja e sorvete de flocos ou maçã de sobremesa. Tudo por R$ 1. O resultado dessa combinação foi uma fila que chegou a 100 metros durante o primeiro dia de funcionamento do Restaurante Popular Betinho, na Central do Brasil, no centro do Rio.
Trabalhadores, aposentados, desempregados, sem-teto, mais de 3 mil pessoas acorreram para o bandejão desde as 9h30, uma hora e meia antes de abrir.
"Mataram Getúlio (Vargas) e agora ressuscitaram Garotinho. Essa era uma lacuna que precisava ser preenchida. Glória ao Soberano!", comemorava o evangélico João Reis, 74, que recebe uma aposentadoria de R$ 151. "Normalmente como coxinha de frango na rua ou faço um feijão. Agora, tenho mais uma opção", disse.
O restaurante popular é parte do plano de assistência aos mais necessitados de Rosinha Matheus, secretária de Ação Social e mulher do governador do Estado, Anthony Garotinho.
"Muita gente que está aqui só vai ter essa refeição hoje", disse Rosinha Matheus, que pretende abrir mais quatro restaurantes, no próximo ano, em Campo Grande (zona oeste), Madureira (zona norte), São Gonçalo (município a 25 km do Rio) e Duque de Caxias (a 35 km do Rio).
O Restaurante Betinho (nome em homenagem ao sociólogo Herbert de Souza, morto em 1997) tem 344 lugares e capacidade para oferecer 3 mil refeições por dia. É operado por uma empresa particular, que recebe R$ 1,85 do governo a cada refeição servida. O subsídio por mês é de R$ 122.100. Entre os 45 funcionários do restaurante, 15 são ex-moradores de rua.
O desempregado Davi Rocha, 32, viu a notícia da inauguração do restaurante em bancas de jornais. "Geralmente como restos de sanduíches. Tomo banho numa fonte de água, perto da Estação Leopoldina. Espero vir aqui todo dia", contou Davi, que levanta dinheiro vendendo latinhas de cerveja e refrigerante.
O restaurante tem quatro nutricionistas. Cada refeição do restaurante tem no mínimo 1.800 calorias.


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