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CRIME NO BROOKLIN
Participação da estudante na noite do dia 30 foi esclarecida ontem, durante a reconstituição da ação
Para polícia, Suzane não viu assassinatos
GILMAR PENTEADO
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a polícia, a estudante Suzane Louise von Richthofen, 19, não
participou diretamente do assassinato de seus pais nem esteve na
cena no crime momentos depois.
A participação dela na morte foi
esclarecida ontem, durante a reconstituição do assassinato.
Enquanto seus pais eram mortos a pancadas no quarto, que fica
no primeiro andar do sobrado,
por Daniel Cravinhos de Paula e
Silva, 19, namorado de Suzane, e
Cristian, 26, irmão de Daniel, a estudante caminhava entre a sala e a
biblioteca, que ficam no térreo da
casa, localizada no Brooklin (zona
sul de SP). Na biblioteca, ela desarrumou papéis e livros para forjar um assalto.
A reconstituição do crime durou 11 horas. Suzane, Daniel e
Cristian, que confessaram participação no duplo homicídio, foram
xingados com ofensas e gritos de
"assassinos" por cerca de 50 pessoas na chegada na casa dos Richthofen, às 9h50 de ontem. Andreas, outro filho do casal assassinado, esteve no local, mas não
participou do trabalho da perícia.
"Não há dúvidas sobre o papel
de cada um no crime", afirmou
Jane Mariza Belucci, chefe do setor de perícia do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção
à Pessoa), que coordenou a reconstituição.
Segundo ela, Suzane abriu a casa, viu que os pais estavam dormindo no quarto, que fica no primeiro andar do sobrado, ligou
uma luz do corredor para que os
irmãos vissem as vítimas e foi para o térreo da casa.
A participação de Suzane na
morte dos pais era a principal dúvida da polícia antes da reconstituição. Foi cogitada a hipótese,
não confirmada ontem, de que a
estudante teria participado das
agressões ou entrado no quarto
para ajudar Daniel e Cristian a
modificar a cena do crime.
Os dois irmãos negaram a entrada de Suzane no quarto nos depoimentos e na reconstituição.
Ela teria dado luvas cirúrgicas e
meias-calças -usadas para evitar
a queda de pêlos no local- para
os dois na entrada da casa. Também providenciou sacos de lixo,
deixados na escada e apanhados
por Cristian.
Outra dúvida foi resolvida por
Daniel. Foi ele, orientado por Suzane, que pegou o revólver 38 de
um compartimento secreto do
closet do quarto. Cristian colocou
as balas na arma e a deixou ao lado do corpo de Richthofen.
Segundo a perita do DHPP, os
acusados disseram que tentaram
forjar um assalto. Chegaram a
deixar marcas de pés na parede
do quarto do casal para induzir a
polícia a acreditar que a casa tinha
sido arrombada. De acordo com
Jane, um deles chegou a pular da
janela do sobrado para tornar essa versão mais verossímil.
Versões
A polícia fez três reconstituições, contando a versão de cada
acusado. Cristian foi o primeiro.
A participação dele durou quatro
horas -das 11h30 às 15h30. Disse
disse que o primeiro golpe contra
o casal foi dado por Daniel, que
agrediu Manfred.
Em seguida, Cristian atingiu
Marísia com um golpe. Ele afirmou que teve a impressão de que
ela teria se mexido, mas não soube dizer se teria acordado. Para
garantir que estivesse morta, procurou asfixiá-la com uma toalha.
Segundo laudo do IML (Instituto
Médico Legal), ela teve um dos ossos do pescoço e outros das mãos
quebrados.
Cristian contou que, após o casal ser morto, ele e Daniel pegaram toalhas no banheiro -uma
delas foi posta sobre o rosto de
Manfred.
Das 16h às 18h, foi a vez de Suzane mostrar o que aconteceu. Ela
contou à polícia que ajudou na
farsa da biblioteca, revirada pelos
três para simular um assalto. Foi
de lá que eles levaram cerca de
US$ 5.000 e R$ 8.000.
A garota disse que sabia o código de uma maleta do pai onde estava o dinheiro, mas contou que
eles simularam um arrombamento com uma faca.
Daniel começou a atuar na reconstituição às 18h10. Por volta
das 19h, ele interrompeu a operação e disse que estava passando
mal. Alegou que o policial que estava deitado na cama na reconstituição era parecido com Richthofen. Minutos depois, continuou a
encenação.
A polícia pediu ontem a prorrogação, por mais dez dias, da prisão temporária dos três acusados.
Segundo o promotor Virgílio Ferraz do Amaral, eles serão denunciados por duplo homicídio qualificado e roubo qualificado.
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