São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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Governo investiga suspeita de extorsão

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Corregedoria Geral Unificada do governo do Rio investiga a informação de que Isaías da Costa Rodrigues Filho, 12, filho do traficante Isaías do Borel, um dos líderes do Comando Vermelho, ficou cinco horas sob o poder de policiais militares do 6º Batalhão (Tijuca, zona norte), que exigiram R$ 15 mil para soltá-lo. A extorsão teria ocorrido em outubro.
Segundo o corregedor Aldney Peixoto, a informação foi passada por uma defensora pública que trabalha no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste). Seu nome não foi revelado por Peixoto, porque ela estaria sendo ameaçada de morte pelos policiais.
De acordo com a denúncia, o suposto sequestro ocorreu às 14h de 9 de outubro. O garoto estava num ponto de táxi próximo ao morro do Borel (Tijuca, zona norte) quando foi abordado por PMs em duas Blazers do batalhão.
A defensora disse que os policiais o levaram ao morro da Chácara do Céu, vizinho ao Borel, de onde teriam telefonado a uma das bocas-de-fumo da favela e pedido o dinheiro. No morro, há um Destacamento de Policiamento Ostensivo da PM que pode ter sido usado como cativeiro.
A defensora contou que, ao receber o telefonema dos PMs, os traficantes do Borel disseram que teriam que falar com Isaías, que teria se recusado a pagar o resgate.
Mesmo sem ter recebido o dinheiro, os PMs libertaram o garoto por volta das 21h do mesmo dia, mas continuaram a fazer ameaças, segundo a defensora.
Ela disse o nome de um policial que teria participado do suposto sequestro e que ao menos três teriam abordado o menino. O nome do acusado não foi revelado.
Peixoto informou que uma equipe da corregedoria esteve ontem no Serviço Reservado da PM para tentar descobrir a identidade dos policiais suspeitos. Ele disse que levará o garoto à corregedoria para fazer um reconhecimento.
Isaías Filho, segundo Peixoto, está morando com a madrasta em uma casa na favela. Mesmo preso, Isaías do Borel é considerado pela polícia um dos principais articuladores das ações do CV fora da cadeia e apontado "presidente da facção" no complexo em Bangu. Ele teria sido um dos principais organizadores da tentativa de fuga no presídio Bangu 3 em outubro. Hoje, está em Bangu 1.


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