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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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TRANSPORTE

Petista assume sindicato ao lado de acusados

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um sindicalista que se diz petista vai comandar os motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo até 2008 ao lado de uma diretoria dominada por condutores que chegaram a ser presos sob a acusação de participar de um esquema de manipulação de greves.
Luiz Gonçalves, 55, foi eleito anteontem para a presidência do sindicato da categoria, em uma eleição conturbada e que é contestada na Justiça pela oposição. Assume a função no dia 12. Terá cinco anos de mandato -contra três anos da atual gestão.
Ele diz ser filiado ao PT há mais de 20 anos, já foi presidente regional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), fez campanha para Lula e para deputados petistas nas eleições de 2002, mas liderou no sindicato da categoria a chapa da situação -apoiada por Edivaldo Santiago, que comandou a entidade desde 2000, organizando uma sequência de paralisações no transporte e se tornando um dos principais desafetos da administração Marta Suplicy.
Dos 50 diretores eleitos na chapa de Gonçalves, 35 (70%) já faziam parte da gestão de Santiago. Na diretoria executiva, 10 dos 12 novos integrantes têm esse perfil (Gonçalves, embora simpatizante, não era formalmente ligado ao grupo) e 5 deles foram presos neste ano após acusações do Ministério Público e da Polícia Federal -estando soltos hoje para responder ao processo em liberdade.
As denúncias de formação de quadrilha e frustração de direitos trabalhistas, entre outros crimes, foram formalizadas a partir de maio. Dos 19 sindicalistas citados, 9 participam da nova chapa eleita. Cinco deles, ao lado de Santiago, foram alvo nesta semana de um novo pedido de prisão do Ministério Público -que os acusa de ameaçar testemunhas. A Justiça determinou um novo interrogatório para tomar uma decisão.
"Para mim, eles foram alvos de uma armação", afirma Gonçalves, que diz esperar ainda a participação de Santiago no sindicato.
O PT diz que Gonçalves, embora esteja na lista de filiados, não participou da atualização cadastral deste ano, não tendo direito a voto no partido, por exemplo.
Mesmo sendo petista, Gonçalves é rejeitado no governo Marta -que apoiou, indiretamente, a chapa da CUT, liderada por João Delfino de Jesus, o Corujinha.
Gonçalves adota um discurso conciliador sobre a possibilidade de greves. "Vamos optar pela negociação", diz. A chapa dele teve 15.515 votos, contra 7.526 da de Corujinha. A categoria é formada por 36 mil condutores. Corujinha, que pede na Justiça a anulação do resultado, diz que houve fraude. "Não foram cumpridos vários acordos para garantir a lisura."


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