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TRANSPORTE
Petista assume sindicato ao lado de acusados
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um sindicalista que se diz petista vai comandar os motoristas e
cobradores de ônibus de São Paulo até 2008 ao lado de uma diretoria dominada por condutores que
chegaram a ser presos sob a acusação de participar de um esquema de manipulação de greves.
Luiz Gonçalves, 55, foi eleito anteontem para a presidência do
sindicato da categoria, em uma
eleição conturbada e que é contestada na Justiça pela oposição.
Assume a função no dia 12. Terá
cinco anos de mandato -contra
três anos da atual gestão.
Ele diz ser filiado ao PT há mais
de 20 anos, já foi presidente regional da CUT (Central Única dos
Trabalhadores), fez campanha
para Lula e para deputados petistas nas eleições de 2002, mas liderou no sindicato da categoria a
chapa da situação -apoiada por
Edivaldo Santiago, que comandou a entidade desde 2000, organizando uma sequência de paralisações no transporte e se tornando um dos principais desafetos da
administração Marta Suplicy.
Dos 50 diretores eleitos na chapa de Gonçalves, 35 (70%) já faziam parte da gestão de Santiago.
Na diretoria executiva, 10 dos 12
novos integrantes têm esse perfil
(Gonçalves, embora simpatizante, não era formalmente ligado ao
grupo) e 5 deles foram presos neste ano após acusações do Ministério Público e da Polícia Federal
-estando soltos hoje para responder ao processo em liberdade.
As denúncias de formação de
quadrilha e frustração de direitos
trabalhistas, entre outros crimes,
foram formalizadas a partir de
maio. Dos 19 sindicalistas citados,
9 participam da nova chapa eleita.
Cinco deles, ao lado de Santiago,
foram alvo nesta semana de um
novo pedido de prisão do Ministério Público -que os acusa de
ameaçar testemunhas. A Justiça
determinou um novo interrogatório para tomar uma decisão.
"Para mim, eles foram alvos de
uma armação", afirma Gonçalves, que diz esperar ainda a participação de Santiago no sindicato.
O PT diz que Gonçalves, embora esteja na lista de filiados, não
participou da atualização cadastral deste ano, não tendo direito a
voto no partido, por exemplo.
Mesmo sendo petista, Gonçalves é rejeitado no governo Marta
-que apoiou, indiretamente, a
chapa da CUT, liderada por João
Delfino de Jesus, o Corujinha.
Gonçalves adota um discurso
conciliador sobre a possibilidade
de greves. "Vamos optar pela negociação", diz. A chapa dele teve
15.515 votos, contra 7.526 da de
Corujinha. A categoria é formada
por 36 mil condutores. Corujinha,
que pede na Justiça a anulação do
resultado, diz que houve fraude.
"Não foram cumpridos vários
acordos para garantir a lisura."
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