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IBIRAPUERA
Proposta terá nova votação
Garagens sob parque provocam discórdia
DA REPORTAGEM LOCAL
Do jeito que o projeto da Prefeitura de São Paulo está, a construção de garagens subterrâneas no
parque Ibirapuera (zona sul) não
deve sair do papel. Para a entidade que reúne as empresas que exploram o serviço, o prazo de concessão (20 anos) não compensa financeiramente e, assim, ninguém
participará da concorrência.
A proposta de criar garagens
subterrâneas no parque foi aprovada na Câmara Municipal em
primeira votação, anteontem, por
34 votos a 2. Precisa passar por
nova votação para ser enviada à
prefeita Marta Suplicy (PT).
"Insisti com o secretário Adriano Diogo [Verde e Meio Ambiente], pode cobrar dele: 20 anos,
ninguém participará. Ele está perdendo tempo", disse à Folha ontem Helio Cerqueira Júnior, vice-presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Estacionamentos Rotativos Públicos e presidente da Estapar. O
motivo, diz, é que as empresas só
recuperariam o investimento
com um prazo de até 50 anos.
3.100 vagas subterrâneas
O projeto prevê 3.100 vagas subterrâneas em duas garagens
-uma ao lado do prédio da Bienal e outra no entorno do Obelisco. Hoje o Ibirapuera tem 1.600
vagas gratuitas na superfície, em
três bolsões, que serão extintas
para dar lugar a área verde.
Ainda não está definido quanto
será cobrado, mas deve valer o
preço de mercado, com reduções
nos finais de semana. Hoje, a primeira hora em estacionamentos
não sai por menos de R$ 6.
O secretário Adriano Diogo diz
que as únicas contrapartidas da
prefeitura seriam a posse das garagens que forem construídas (ao
fim do contrato) e a exploração
delas depois. Por isso o prazo de
20 anos, para o retorno da prefeitura não ficar tão distante. Mas ele
diz que pode até fazer audiência
pública para debater o tema.
Urbanistas e entidades de moradores consultados pela Folha
concordam com o fim das vagas
para dar lugar a área verde, mas
dizem que a prefeitura deveria
priorizar o transporte público.
Para Ayrton Camargo e Silva, da
ANTP (Associação Nacional dos
Transportes Públicos), a construção de garagens incentiva o uso
do carro para ir ao parque, "uma
ação atrasada, dos anos 60 e 70".
Mario Lorenzetti, conselheiro
do G9 (que reúne sociedades de
moradores da região do Ibirapuera), diz também que o preço da
garagem pode lotar as ruas da região de frequentadores que não
querem pagar o estacionamento.
O secretário Diogo afirma que a
criação das garagens é o "início do
processo civilizatório". "Parece
que o lado negativo tem mais peso que a decisão política e a coragem de enfrentar esse problema
secular [carros no parque]."
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