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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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IBIRAPUERA

Proposta terá nova votação

Garagens sob parque provocam discórdia

DA REPORTAGEM LOCAL

Do jeito que o projeto da Prefeitura de São Paulo está, a construção de garagens subterrâneas no parque Ibirapuera (zona sul) não deve sair do papel. Para a entidade que reúne as empresas que exploram o serviço, o prazo de concessão (20 anos) não compensa financeiramente e, assim, ninguém participará da concorrência.
A proposta de criar garagens subterrâneas no parque foi aprovada na Câmara Municipal em primeira votação, anteontem, por 34 votos a 2. Precisa passar por nova votação para ser enviada à prefeita Marta Suplicy (PT).
"Insisti com o secretário Adriano Diogo [Verde e Meio Ambiente], pode cobrar dele: 20 anos, ninguém participará. Ele está perdendo tempo", disse à Folha ontem Helio Cerqueira Júnior, vice-presidente da Associação Brasileira das Administradoras de Estacionamentos Rotativos Públicos e presidente da Estapar. O motivo, diz, é que as empresas só recuperariam o investimento com um prazo de até 50 anos.

3.100 vagas subterrâneas
O projeto prevê 3.100 vagas subterrâneas em duas garagens -uma ao lado do prédio da Bienal e outra no entorno do Obelisco. Hoje o Ibirapuera tem 1.600 vagas gratuitas na superfície, em três bolsões, que serão extintas para dar lugar a área verde.
Ainda não está definido quanto será cobrado, mas deve valer o preço de mercado, com reduções nos finais de semana. Hoje, a primeira hora em estacionamentos não sai por menos de R$ 6.
O secretário Adriano Diogo diz que as únicas contrapartidas da prefeitura seriam a posse das garagens que forem construídas (ao fim do contrato) e a exploração delas depois. Por isso o prazo de 20 anos, para o retorno da prefeitura não ficar tão distante. Mas ele diz que pode até fazer audiência pública para debater o tema.
Urbanistas e entidades de moradores consultados pela Folha concordam com o fim das vagas para dar lugar a área verde, mas dizem que a prefeitura deveria priorizar o transporte público. Para Ayrton Camargo e Silva, da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos), a construção de garagens incentiva o uso do carro para ir ao parque, "uma ação atrasada, dos anos 60 e 70".
Mario Lorenzetti, conselheiro do G9 (que reúne sociedades de moradores da região do Ibirapuera), diz também que o preço da garagem pode lotar as ruas da região de frequentadores que não querem pagar o estacionamento.
O secretário Diogo afirma que a criação das garagens é o "início do processo civilizatório". "Parece que o lado negativo tem mais peso que a decisão política e a coragem de enfrentar esse problema secular [carros no parque]."


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