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Africanos são resgatados no litoral de PE após serem jogados de navio
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Seis homens que viajavam clandestinamente em um navio de
carga de bandeira chinesa foram
resgatados do mar anteontem no
litoral de Pernambuco. Outros
dois, que também faziam a mesma viagem, foram encontrados
na praia, depois de terem nadado
cerca de quatro horas.
Os seis disseram que foram espancados e jogados ao mar pela
tripulação -os outros dois teriam pulado para fugir dos tripulantes e nadado sete quilômetros
até a praia.
Os oito, que têm idades entre 16
anos e 22 anos, são provenientes
da República da Guiné -país localizado na África ocidental- e,
de acordo com o que disseram à
Polícia Federal, tentavam chegar
ao Brasil para trabalhar.
Embarcados sem autorização
no navio Tu King, no porto de Conacri, capital da República da
Guiné, os oito viajaram durante
sete dias escondidos nos porões
da embarcação.
Segundo o relato que fizeram
para a Polícia Federal, no período
eles se alimentaram de barras de
cereais e biscoitos.
Um deles chegou a dizer que "a
viagem estava sendo razoavelmente confortável com exceção
dos ratos que os perturbavam
quando tentavam dormir".
No sétimo dia da viagem, um
dos guineanos saiu do esconderijo para verificar se o litoral brasileiro já podia ser avistado. Foi
quando os "passageiros" foram
descobertos pela tripulação.
De acordo com os guineanos,
seis deles foram espancados pelos
tripulantes durante cerca de 30
minutos e depois lançados ao
mar. Os outros dois, ao verem o
que havia ocorrido com seus
companheiros de viagem, resolveram pular do navio para fugir
da tripulação.
Resgate
Os seis que teriam sido agredidos pelos tripulantes foram resgatados pelo pescador Jorge Augusto da Silva Guimarães na tarde de
anteontem.
O pescador calcula que o grupo
estava a uma distância de sete quilômetros da praia.
Os seis resgatados são: Kakamoko Suma, Mohamed Baldi,
Mamadis Kouroma, Azzi Câmara, Mohamed Câmara e Alt Kiy.
Eles foram levados para Recife
(capital pernambucana), onde receberam tratamento médico e foram instalados em um hotel. A
Polícia Federal tomou o depoimento deles.
Os outros dois -Iziaga Kiate e
Mohamed Lamisi- tiveram que
nadar durante cerca de quatro horas até chegar a uma praia da comunidade de Brasília Teimosa
(zona sul de Recife), na noite de
anteontem.
Encontrados, foram também levados para o hotel. Os dois, de
acordo com a avaliação médica
feita logo depois de terem sido
achados, estavam "seriamente estafados" e desnutridos.
Os guineanos receberam tratamento médico. Um deles, Kakamoko Suma, está com uma fratura no braço -segundo ele, provocada pelo espancamento sofrido. Todos estão, em diferentes níveis, desnutridos.
O grupo deverá ser repatriado
por via aérea assim que o inquérito for concluído.
A Polícia Federal espera que o
navio chinês aporte para tomar os
depoimentos da tripulação. A
embarcação está cumprindo a
quarenta sanitária antes que possa aportar no porto de Recife para
descarregar.
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